quinta-feira, 15 de outubro de 2009

MENSAGEM DO PAPA BENTO XVI PARA O DIA MISSIONÁRIO MUNDIAL DE 2009 - (18 de Outubro)

"As nações caminharão à sua luz" (Ap 21, 24)


Neste domingo dedicado às missões, me dirijo sobretudo a vós, Irmãos no ministério episcopal e sacerdotal, e também aos irmãos e irmãs do Povo de Deus, a fim de vos exortar a reavivar em si a consciência do mandato missionário de Cristo para que "todos os povos se tornem seus discípulos" (Mt 28,19), seguindo as pegadas de São Paulo, o Apóstolo dos Gentios.

"As nações caminharão à sua luz" (Ap 21, 24). O objetivo da missão da Igreja é iluminar com a luz do Evangelho todos os povos em seu caminhar na história rumo a Deus, pois Nele encontramos a sua plena realização. Devemos sentir o anseio e a paixão de iluminar todos os povos, com a luz de Cristo, que resplandece no rosto da Igreja, para que todos se reúnam na única família humana, sob a amável paternidade de Deus.

É nesta perspectiva que os discípulos de Cristo espalhados pelo mundo trabalham, se dedicam, gemem sob o peso dos sofrimentos e doam a vida. Reitero com veemência o que muitas vezes foi dito pelos meus Predecessores: a Igreja não age para ampliar o seu poder ou reforçar o seu domínio, mas para levar a todos Cristo, salvação do mundo. Pedimos somente de nos colocar a serviço da humanidade, sobretudo da daquela sofredora e marginalizada, porque acreditamos que "o compromisso de anunciar o Evangelho aos homens de nosso tempo... é sem dúvida alguma um serviço prestado à comunidade cristã, mas também a toda a humanidade"(Evangelii nuntiandi, 1), que "apesar de conhecer realizações maravilhosas, parece ter perdido o sentido último das coisas e de sua própria existência"(Redemptoris missio, 2).

1. Todos os Povos são chamados à salvação

Na verdade, a humanidade inteira tem a vocação radical de voltar à sua origem, que é Deus, somente no Qual ela encontrará a sua plenitude por meio da restauração de todas as coisas em Cristo. A dispersão, a multiplicidade, o conflito, a inimizade serão repacificadas e reconciliadas através do sangue da Cruz e reconduzidas à unidade.

O novo início já começou com a ressurreição e a exaltação de Cristo, que atrai a si todas as coisas, as renova, as tornam participantes da eterna glória de Deus. O futuro da nova criação brilha já em nosso mundo e acende, mesmo se em meio a contradições e sofrimentos, a nossa esperança por uma vida nova. A missão da Igreja é "contagiar" de esperança todos os povos. Por isto, Cristo chama, justifica, santifica e envia os seus discípulos para anunciar o Reino de Deus, a fim de que todas as nações se tornem Povo de Deus. É somente nesta missão que se compreende e se confirma o verdadeiro caminho histórico da humanidade. A missão universal deve se tornar uma constante fundamental na vida da Igreja. Anunciar o Evangelho deve ser para nós, como já dizia o apóstolo Paulo, um compromisso impreterível e primário.

2. Igreja peregrina

A Igreja Universal, sem confim e sem fronteiras, se sente responsável por anunciar o Evangelho a todos os povos (cfr. Evangelii nuntiandi, 53). Ela, germe de esperança por vocação, deve continuar o serviço de Cristo no mundo. A sua missão e o seu serviço não se limitam às necessidades materiais ou mesmo espirituais que se exaurem no âmbito da existência temporal, mas na salvação transcendente que se realiza no Reino de Deus. (cfr. Evangelii nuntiandi, 27). Este Reino, mesmo sendo em sua essência escatológico e não deste mundo (cfr. Jo 18,36), está também neste mundo e em sua história é força de justiça, paz, verdadeira liberdade e respeito pela dignidade de todo ser humano. A Igreja mira em transformar o mundo com a proclamação do Evangelho do amor, "que ilumina incessantemente um mundo às escuras e nos dá a coragem de viver e agir e... deste modo, fazer entrar a luz de Deus no mundo" (Deus caritas est, 39). Esta é a missão e o serviço que, também com esta Mensagem, chamo a participar todos os membros e instituições da Igreja.

3. Missio ad gentes

A missão da Igreja é chamar todos os povos à salvação realizada por Deus em seu Filho encarnado. É necessário, portanto, renovar o compromisso de anunciar o Evangelho, fermento de liberdade e progresso, fraternidade, união e paz (cfr. Ad gentes, 8). Desejo "novamente confirmar que a tarefa de evangelizar todos os homens constitui a missão essencial da Igreja"(Evangelii nuntiandi, 14), tarefa e missão que as vastas e profundas mudanças da sociedade atual tornam ainda mais urgentes. Está em questão a salvação eterna das pessoas, o fim e a plenitude da história humana e do universo. Animados e inspirados pelo Apóstolo dos Gentios, devemos estar conscientes de que Deus tem um povo numeroso em todas as cidades percorridas também pelos apóstolos de hoje (cfr. At 18, 10). De fato, "a promessa é em favor de todos aqueles que estão longe, todos aqueles que o Senhor nosso Deus chamar "(At 2,39).

Toda a Igreja deve se empenhar na missio ad gentes, enquanto a soberania salvífica de Cristo não está plenamente realizada: "Agora, porém, ainda não vemos que tudo lhe esteja submisso"(Hb 2,8).

4. Chamados a evangelizar também por meio do martírio

Neste dia dedicado às missões, recordo na oração aqueles que fizeram de suas vidas uma exclusiva consagração ao trabalho de evangelização. Menciono em particular as Igrejas locais, os missionários e missionárias que testemunham e propagam o Reino de Deus em situações de perseguição, com formas de opressão que vão desde a discriminação social até a prisão, a tortura e a morte. Não são poucos aqueles que atualmente são levados à morte por causa de seu "Nome". É ainda de grande atualidade o que escreveu o meu venerado Predecessor Papa João Paulo II: "A comemoração jubilar descerrou-nos um cenário surpreendente, mostrando o nosso tempo particularmente rico de testemunhas, que souberam, ora dum modo ora doutro, viver o Evangelho em situações de hostilidade e perseguição até darem muitas vezes a prova suprema do sangue" (Novo millennio ineunte, 41).

A participação na missão de Cristo, de fato, destaca também a vida dos anunciadores do Evangelho, aos quais é reservado o mesmo destino de seu Mestre. "Lembrem-vos do que eu disse: nenhum empregado é maior do que seu patrão. Se perseguiram a mim, vão perseguir a vós também " (Jo 15,20). A Igreja se coloca no mesmo caminho e passa por tudo aquilo que Cristo passou, porque não age baseando-se numa lógica humana ou com a força, mas seguindo o caminho da Cruz e se fazendo, em obediência filial ao Pai, testemunha e companheira de viagem desta humanidade.

Às Igrejas antigas como as de recente fundação, recordo que são colocadas pelo Senhor como sal da terra e luz do mundo, chamadas a irradiar Cristo, Luz do mundo, até os extremos confins da terra. A missio ad gentes deve ser a prioridade de seus planos pastorais.

Agradeço e encorajo as Pontifícias Obras Missionárias pelo indispensável trabalho a serviço da animação, formação missionária e ajuda econômica às jovens Igrejas. Por meio destas instituições pontifícias, se realiza de forma admirável a comunhão entre as Igrejas, com a troca de dons, na solicitude recíproca e na comum projetualidade missionária.

5. Conclusão

O impulso missionário sempre foi sinal de vitalidade de nossas Igrejas (cfr. Redemptoris missio, 2). É preciso, todavia, reafirmar que a evangelização é obra do Espírito, e que antes mesmo de ser ação, é testemunho e irradiação da luz de Cristo (cfr. Redemptoris missio, 26) através da Igreja local, que envia os seus missionários e missionárias para além de suas fronteiras. Rogo a todos os católicos para que peçam ao Espírito Santo que aumente na Igreja a paixão pela missão de proclamar o Reino de Deus e ajudar os missionários, as missionárias e as comunidades cristãs empenhadas nesta missão, muitas vezes em ambientes hostis de perseguição.

Ao mesmo tempo, convido todos a darem um sinal crível da comunhão entre as Igrejas, com uma ajuda econômica, especialmente neste período de crise que a humanidade está vivendo, a fim de colocar as jovens Igrejas em condições de iluminar as pessoas com o Evangelho da caridade.

Nos guie em nossa ação missionária a Virgem Maria, Estrela da Evangelização, que deu ao mundo Cristo, luz das nações, para que leve a salvação "até aos extremos da terra"(At 13,47).

A todos, a minha Bênção.

Cidade do Vaticano, 29 de junho de 2009


BENEDICTUS PP. XVI

Fonte: www.vatican.va

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

MÊS DE OUTUBRO – MÊS DAS MISSÕES

INTENÇÃO MISSIONÁRIA
“Para que todo o Povo de Deus, por quem foi confiado a Cristo o mandato de ir e pregar o Evangelho a cada criatura, assuma com empenho a sua própria responsabilidade missionária e considere-a como o mais elevado serviço que pode oferecer à humanidade”.


Comentário à Intenção Missionária indicada pelo Santo Padre para o mês de outubro de 2009

Jesus Cristo foi enviado pelo Pai para a salvação dos homens. “Deus, de fato, não mandou o Filho ao mundo para condenar o mundo, mas confia à Igreja o mandato de prolongar a sua missão no mundo. “Ide, pois, e fazei discípulos todos os povos, batizando-os em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo” (Mt 28, 19). Nos anos seguintes ao Concílio Vaticano II, disseminaram-se algumas correntes teológicas que, mal interpretando os textos conciliares, tentavam pôr em dúvida a necessidade da missão Ad Gentes. Consideravam que pregar a fé a outros homens era um atentado à sua liberdade. O Concílio afirmou: “Nem a divina Providência nega a ajuda necessária para a salvação daqueles que ainda não chegaram ao claro entendimento e reconhecimento de Deus, mas se esforçam, não sem a graça divina, para levar uma vida reta” (LG, 16). Por que então pregar o Evangelho se eles já podem conseguir a salvação?
Em sua Mensagem para o Dia Missionário Mundial 2009, que será celebrado no domingo, 18 de outubro, o Santo Padre Bento XVI recorda que a Igreja não prega o Evangelho por ânsia de poder ou domínio das pessoas: “Reafirmo com força muitas vezes o que foi dito pelos meus veneráveis Antecessores: a Igreja não age para ampliar o seu poder ou afirmar o seu domínio, mas para levar a todos o Cristo, salvação do mundo” (Mensagem para o Dia Missionário de 2009, introdução). Ao contrário: conhecer Cristo é encontrar a liberdade! Todos os homens têm direito de receber a Boa Notícia do amor de Deus e de alcançar a plenitude humana ao chegarem a ser filhos de Deus.
A Igreja tem uma vocação de serviço, à imagem do seu Mestre, que “não veio para ser servido, mas para servir”. Assim, o Santo Padre afirma: “Nós não queremos mais do que nos colocar a serviço da humanidade, especialmente daquela que mais sofre e é marginalizada” (Mensagem para o Dia Missionário de 2009, introdução).
A humanidade dos nossos tempos está vivenciando um desenvolvimento impensável no âmbito das ciências e da técnica, ao mesmo tempo, parece sofrer de um grave esquecimento dos valores mais profundos do homem. João Paulo II afirmava na encíclica “Redemptoris Missio”, que o homem contemporâneo perdeu o sentido das realidades principais e da sua própria existência (cfr RM, 2). Sendo assim, é parte essencial da missão da Igreja iluminar o caminho do homem apresentando Cristo, Luz de todos os povos.
“A humanidade inteira, na verdade, tem a vocação radical de retornar à sua origem, que é Deus, no Qual somente encontrará o seu cumprimento final por meio da restauração de todas as coisas em Cristo” (Mensagem para o Dia Missionário de 2009, n.1). A Igreja recebeu esta missão e não pode não ser fiel a ela. Anunciar Cristo não é uma tarefa qualquer, é o centro da vida e da missão da Igreja. A missão universal deve converter-se e uma constante fundamental da vida da Igreja. Anunciar o Evangelho, recorda ainda o Santo Padre, deve ser para nós, como foi para o Apóstolo Paulo, um empenho improrrogável e primordial.
A missão é tão essencial para a Igreja que os seus membros devem estar dispostos a dar testemunho de Cristo mesmo ao preço de sacrificar a própria vida. O sangue continua a ser o testemunho mais eloquente do amor por Deus e pelos homens. A Igreja deve enfrentar o mesmo destino do seu Mestre. “Recordai a palavra que eu vos disse: um servo não é maior do que seu patrão. Se me perseguiram, também vos hão de perseguir” (Jo 15,20). A Igreja, portanto, segue o mesmo caminho e enfrenta o mesmo destino de Cristo, porque não age segundo uma lógica humana ou contando com as razões da força, mas seguindo o caminho da Cruz, e fazendo-se, em obediência filial ao Pai, testemunha e companhia de viagem desta humanidade.
Neste mês de outubro, mês missionário, somos chamados a intensificar a oração para o Espírito Santo, alma da missão, para que aumente na Igreja inteira, em todo o povo de Deus, a paixão de anunciar o Evangelho a todos os homens.

Fonte: Agência Fides