quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

INTENÇÃO MISSIONÁRIA PARA O MÊS DE DEZEMBRO DE 2010

“Para que os povos da terra abram as portas a Cristo e ao seu Evangelho de paz, fraternidade e justiça.”



Em seu livro “Jesus de Nazaré”, Bento XVI recorda o significado original da palavra “Evangelho”. Geralmente traduzida simplesmente como “boa notícia”, mas o seu significado é mais profundo. É proveniente do Império Romano, onde as palavras do imperador eram anúncio de favor e de salvação para o povo. Depois passou a designar o gênero literário dos escritos que nos deixaram os evangelistas João, Mateus, Marcos e Lucas. Se voltamos ao seu significado originário, constatamos que somente a Palavra de Jesus é realmente “evangelho”. Aquele que é o Verbo encarnado, se torna Evangelho vivo para nós. A sua pessoa e a sua presença levam a salvação de Deus aos homens. Cristo, a Palavra do Pai, dirigida a toda pessoa, está em busca de uma resposta para poder estabelecer um diálogo de salvação com os homens. O Apocalipse nos recorda o ensinamento de Cristo em relação a todo ser humano: “Eis que estou à porta e bato. Se alguém ouvindo a minha voz abrir a porta, eu entrarei e cearei com ele e ele comigo” (Ap 3, 20). Devemos elevar a nossa oração para que os corações de todos os homens se abram a Deus. Na medida em que nós o deixamos entrar para jantar conosco, ou seja, abrir a ele a nossa intimidade, Cristo poderá transformar os corações e a sociedade. Cristo é a nossa paz. Ele tornou-se nosso irmão fazendo-se homem, se fez pequeno para que a gente não tivesse medo de chegar perto dele, de abrir-lhe a porta e recebê-lo. Ele é para nós a justiça salvadora de Deus. O conceito humano de justiça consiste em dar a cada um aquilo que é seu, mas Deus tem um conceito diferente de justiça. Entregou seu filho à morte por nós, assim o justo morreu pelos pecadores. Aos nossos olhos, a justiça de Deus parece injusta, porque todo homem recebe o contrário daquilo que lhe cabe. O justo assume sobre si a maldição do pecado e o pecador recebe a bênção que cabe ao justo, mas Deus tem um diferente conceito de justiça. Por isso, afirma Bento XVI, “diante da justiça da Cruz o homem pode se rebelar, porque ela evidencia que o homem não é um ser autárquico, mas precisa de um Outro para ser plenamente si mesmo. Converter-se a Cristo, acreditar no Evangelho, significa isso: sair da ilusão da autossuficiência para descobrir a aceitar a própria indigência, indigência dos outros e de Deus, exigência de seu perdão e de sua amizade” (Mensagem para a Quaresma 2010). No Natal contemplamos o Verbo que se fez carne. A Palavra eterna se fez pequena, tão pequena que pode ficar numa manjedoura. Ele se fez criança e com um rosto que podemos ver, Jesus de Nazaré (cfr. Verbum Domini, 12). "Veio entre os seus, e os seus não o acolheram. Aqueles que o acolheram deu o poder de se tornarem filhos de Deus” (Jo 1, 11-12). Somente graças à filiação divina, podemos chegar a sermos irmãos. Somente quando existe um Pai, pode existir uma fraternidade. Para que Cristo nos torne filhos, agora podemos ser irmãos. Rezemos para que Maria nos ensine a escutar a Palavra, a mantê-la no coração e dar a ela corpo, para que Cristo seja visível em nós para os nossos irmãos.

Fonte: Agência Fides

VOLTEM O VOSSO OLHAR PARA O SENHOR

Em nossa jornada para o Natal, somos chamados à conversão. Com o anúncio de que o Reino de Deus se aproxima, somos convidados a voltarmos o nosso olhar para o Senhor. O personagem bíblico que nos convoca para tal atitude é João Batista. Ele é o nosso orientador espiritual. É a “voz que grita no deserto”. Ele nos indica o caminho do Senhor e nos ajuda a reconhecer o verdadeiro sentido da nossa vida.

“Convertei-vos, porque o reino dos céus está próximo” (Mt 3, 2). João Batista nos aponta Jesus Cristo. Deseja que nos encontremos com o Senhor e entremos em seu Reino. Para isso, ele nos pede a conversão. Pela conversão voltamo-nos para o caminho de Deus, para o Reino da Graça. A conversão nos impele a seguir, escutar e anunciar Jesus.

João nos diz, com sua mensagem simples mas radical, ser preciso produzir frutos que revelem a nossa conversão. Uma conversão estéril demonstra que estamos distante do projeto salvífico de Deus. A conversão verdadeira, leva-nos a comprometer com o Evangelho, a viver uma espiritualidade em que Cristo é o centro de nossa vida.

João dava testemunho da Palavra de Deus, da “luz verdadeira que ilumina todo homem" (Jo 1,9). Nós também, tendo os nossos olhares no Senhor, somos orientados a ser testemunhas da Luz. A anunciar o seu Reino de amor a todas as pessoas. Como João, somos mensageiros, profetas e precursores da Boa Nova da salvação, que é obtida somente através de Jesus, “a luz verdadeira”.

De fato, a nossa vocação, como a de João, é testemunhar a cada dia, no nosso trabalho e nas nossas relações, não apenas com palavras, mas com atitudes, que Jesus é o autor da eterna salvação para todos “aqueles que o aceitam e crêem no seu nome"(Jo 1:12). Pois, na medida em que tomamos consciência disso, participaremos mais ativamente da missão de Cristo e da Igreja, revelando ao mundo o seu Reino.

A HUMANIDADE ESPERA

O tempo do Advento se aproxima. O Advento é para toda a Igreja, momento de espera alegre e confiante da vinda de Jesus. É tempo de estarmos atentos e vigilantes, preparando-nos da melhor forma possível para a chegada do nosso Salvador. O Advento nos recorda a dimensão histórica da salvação, evidencia o reinado messiânico e nos insere no caráter missionário de Jesus Cristo.

O Advento é tempo de esperança, pois em Jesus, Deus se faz ser humano e vem habitar entre nós. Deus se torna presença na humanidade, confirmando a promessa e a aliança feita ao povo de Israel. Deus encarnando-se anuncia às nações que seu Reino está próximo.

O Advento nos mostra o Deus da Revelação, Aquele que é, que era e que vem (Ap 1, 4-8). O Deus que está sempre realizando a salvação, cuja consumação se cumprirá no "dia do Senhor", no final dos tempos. O tempo do advento nos recorda ainda que um mundo novo, de solidariedade e paz, está próximo. Com a chegada do Salvador, “novos céus e nova terra” são anunciados. Em Jesus nos tornamos novas criaturas.

O Advento é tempo de graça. É o tempo do amor de Deus para conosco. Deus vem ao nosso encontro para que possamos ver e entender que ele governa o seu povo com justiça, defendendo os pobres, os aflitos e oprimidos, e faz valer as suas reivindicações e direitos.

O Advento nos aponta o caminho da missão. O caráter missionário do Advento se manifesta na Igreja pelo anúncio do Reino e a sua acolhida pelo coração do homem até a manifestação gloriosa de Cristo. As figuras de João Batista e Maria são exemplos concretos da missionariedade de cada cristão, quer preparando o caminho do Senhor, quer levando o Cristo ao irmão para o santificar. Não se pode esquecer que toda a humanidade e a criação vivem em clima de advento, de ansiosa espera da manifestação cada vez mais visível do Reino de Deus.

Ano após ano, a Igreja nos convida a olhar para a frente, vivendo este "precioso tempo de redenção", onde possamos renovar a nossa esperança cristã. Esperança nos dias que estão por vir: o dia do Senhor, o dia da salvação, dia da libertação definitiva da escravidão do pecado e do domínio da morte. A humanidade espera e anseia pela chegada do seu Redentor. A celebração do Advento é, portanto, um meio precioso e indispensável para nos ensinar sobre o mistério da salvação e assim termos a Jesus como referencia e fundamento, dispondo-nos a "perder" a vida em favor do anúncio e instalação do Reino.