sexta-feira, 29 de outubro de 2010

MISSÃO E EUCARISTIA

A Igreja é fundamentalmente missionária. Nela encontramos o apelo do Senhor Jesus para a evangelização dos povos. Todavia, para anunciar corajosamente a Boa Nova de Cristo, a Igreja se nutre da Eucaristia, do Corpo e Sangue de Jesus. Por meio da Celebração Eucarística, Jesus dá força aos seus discípulos missionários para irem proclamar o seu Reino entre as nações.

Na missão, a “Eucaristia é fonte e ápice de toda evangelização”(Presbyterorum Ordinis, 5). Sendo os discípulos missionários imitadores de Jesus, eles procuram adotar um estilo de vida cada vez mais eucarístico. Por Jesus Eucarístico, a missão torna-se uma exigência de amor e doação.

Do encontro com Cristo Eucarístico, os discípulos missionários se vêem animados e fortalecidos para anunciar o amor misericordioso de Cristo Redentor. “O encontro com Cristo, aprofundado de modo contínuo na intimidade eucarística, suscita na Igreja e em cada cristão a urgência de testemunhar e de evangelizar”. (João Paulo II, Mane Nobiscum Domine, 24).

Sabe-se que Jesus, pela sua paixão e morte na cruz, morreu por todos os seres humanos. Por meio da cruz, Jesus Redentor oferece ao ser humano o dom da salvação. A Eucarística torna visível o dom salvífico de Deus pela humanidade. Este presente, portanto, é anunciado pela Igreja a todas as pessoas. O dom eucarístico de Jesus é um meio pelo qual os discípulos missionários testemunham o Evangelho e anunciam a fraternidade universal, pois Jesus quer reunir todos os povos num único reino, o Reino de Deus Pai.

“Pela comunhão eucarística, estamos todos comprometidos na construção de um mundo unido, e reconhecemos que isso não vem de nós mesmos, mas daquele que nos chamou” (Texto-base do XVI Congresso Eucarístico Nacional, pág. 76) e enviou, o nosso Senhor Jesus Cristo. “Se todos os filhos da Igreja fossem missionários incansáveis do Evangelho, brotaria uma nova floração de santidade e de renovação neste mundo sedento de amor e de verdade”(Alocução do Papa João Paulo I em 27 de agosto de 1978).

A necessidade de sermos discípulos missionários se apresenta a todos os cristãos. A Eucaristia nos indica e nos prepara para a missão. Ela nos dá disposição para proclamarmos a justiça e a verdade. É preciso demonstrar que Cristo Eucarístico é o vigor da nossa vida e que nos conduz à direção de novas messes.

“Necessitamos sair ao encontro das pessoas, das famílias, das comunidades e dos povos para lhes comunicar e compartilhar o dom do encontro com Cristo, que tem preenchido nossas vidas de sentido, de verdade e de amor, de alegria e de esperança!” (Documento de Aparecida, nº 548). O discípulo missionário professa, continuamente, que “o dom da Eucaristia é um dom de Jesus à Igreja e ao mundo!” (Texto-base do XVI Congresso Eucarístico Nacional, pág. 48).

terça-feira, 12 de outubro de 2010

MÊS DE OUTUBRO, MÊS MISSIONÁRIO – MISSÃO E PARTILHA

Iniciamos em outubro o mês missionário. Neste mês, queremos refletir melhor sobre a Missão evangelizadora de Cristo, da Igreja e nossa missão de discípulos missionários do Reino. A Igreja do Brasil, através das Pontifícias Obras Missionárias, nos propõe como tema de reflexão Missão e partilha. Nos caminhos da missão, a partilha é um ato fundamental de anúncio e vivência da fé em Cristo.

O mês missionário nos recorda que a Igreja é por sua natureza missionária. Ela nasceu da missão iniciada por Jesus de Nazaré e continuada pelos apóstolos sob a orientação do Espírito Santo. No dia de Pentecostes, os apóstolos receberam a efusão do Espírito de Deus e com a força deste Espírito foram levados a proclamar o Evangelho a todos os povos da terra.

O próprio Jesus Cristo enviou os discípulos: “Ide por todo o mundo e pregai o Evangelho a toda criatura” (Mc 16, 15). A partir desse mandato, a Igreja assume o compromisso de anunciar a Boa Nova do Reino a toda humanidade. Tomando essa responsabilidade para si, a Igreja, animada pelo Espírito, não pode deixar de trilhar os caminhos de missão.

A missão exige da Igreja, dos filhos e filhas de Deus, abertura e acolhida de todas as nações do mundo. A fé professada em Jesus Cristo impulsiona os discípulos missionários a levar o Evangelho a distantes localidades do nosso planeta. Os missionários e missionárias e cada comunidade cristã são chamados a testemunharem o Reino de Deus, reino de justiça e paz.

Somos convocados a abrir-nos à humanidade inteira. A sermos pessoas universais que acolhe e partilha a nossa fé naquele único salvador, Jesus, o enviado de Deus Pai. Que o mês missionário nos ajude a reconhecer cada vez mais a natureza missionária e universal da Igreja. Natureza que também faz parte da nossa vida de cristãos e cristãs que crêem e seguem a Cristo Jesus.

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

MENSAGEM DO PAPA BENTO XVI PARA O DIA MISSIONÁRIO MUNDIAL 2010

A construção da comunhão eclesial é a chave da missão


Prezados irmãos e irmãs!

Com a celebração do Dia Missionário Mundial, o mês de Outubro oferece às Comunidades diocesanas e paroquiais, aos Institutos de Vida Consagrada, aos Movimentos Eclesiais, a todo o Povo de Deus, a ocasião para renovar o compromisso de anunciar o Evangelho e dar às actividades pastorais um ímpeto missionário mais amplo. Este encontro anual convida-nos a viver intensamente os percursos litúrgicos e catequéticos, caritativos e culturais, mediante os quais Jesus Cristo nos convoca à mesa da sua Palavra e da Eucaristia, para saborear o dom da sua Presença, formar-nos na sua escola e viver cada vez mais conscientemente unidos a Ele, Mestre e Senhor. É Ele mesmo quem nos diz: "Aquele que me ama será amado por meu Pai: Eu amá-lo-ei e manifestar-me-ei a ele" (Jo 14, 21). Só a partir deste encontro com o Amor de Deus, que muda a existência, podemos viver em comunhão com Ele e entre nós, e oferecer aos irmãos um testemunho credível, explicando a razão da nossa esperança (cf. 1 Pd 3, 15). Uma fé adulta, capaz de se confiar totalmente a Deus com atitude filial, alimentada pela oração, pela meditação da Palavra de Deus e pelo estudo das verdades da fé, é uma condição para poder promover um novo humanismo, fundamentado no Evangelho de Jesus.

Além disso, em Outubro, em muitos países retomam-se as várias actividades eclesiais depois da pausa de Verão, e a Igreja convida-nos a aprender de Maria, mediante a oração do Santo Rosário, a contemplar o desígnio de amor do Pai sobre a humanidade, para a amar como Ele a ama. Não é porventura este o sentido da missão?

Com efeito, o Pai chama-nos a ser filhos amados no seu Filho, o Amado, e a reconhecer-nos todos irmãos naquele que é Dom de Salvação para a humanidade dividida pela discórdia e pelo pecado, e Revelador do verdadeiro Rosto daquele Deus que "amou de tal modo o mundo, que lhe deu o seu Filho único, para que todo o que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna" (Jo 3, 16).

"Queremos ver Jesus" (Jo 12, 21), é o pedido que, no Evangelho de João, alguns gregos que chegaram a Jerusalém para a peregrinação pascal, dirigem ao Apóstolo Filipe. Ele ressoa também no nosso coração neste mês de Outubro, que nos recorda como o compromisso do anúncio evangélico compete a toda a Igreja, "missionária por sua própria natureza" (Ad gentes, 2), convidando-nos a tornarmo-nos promotores da novidade de vida, feita de relacionamentos autênticos, em comunidades fundadas no Evangelho. Numa sociedade multiétnica que experimenta cada vez mais formas preocupantes de solidão e de indiferença, os cristãos devem aprender a oferecer sinais de esperança e a tornar-se irmãos universais, cultivando os grandes ideais que transformam a história e, sem falsas ilusões nem medos inúteis, comprometer-se para fazer com que o planeta seja a casa de todos os povos.

Como os peregrinos gregos de há dois mil anos, também os homens do nosso tempo, talvez nem sempre conscientemente, pedem aos crentes não só que "falem" de Jesus, mas que "façam ver" Jesus, façam resplandecer o Rosto do Redentor em cada ângulo da terra diante das gerações do novo milénio e sobretudo diante dos jovens de cada continente, destinatários privilegiados e agentes do anúncio evangélico. Eles devem sentir que os cristãos levam a Palavra de Cristo porque Ele é a Verdade, porque n'Ele encontraram o sentido, a verdade para a sua vida.

Estas considerações remetem para o mandamento missionário que todos os baptizados e a Igreja inteira receberam, mas que não se pode realizar de maneira credível sem uma profunda conversão pessoal, comunitária e pastoral. De facto, a consciência da chamada a anunciar o Evangelho estimula não só cada fiel individualmente, mas todas as Comunidades diocesanas e paroquiais a uma renovação integral e a abrir-se cada vez mais à cooperação missionária entre as Igrejas, para promover o anúncio do Evangelho no coração de cada pessoa, de cada povo, cultura, raça, nacionalidade, em todas as latitudes. Esta consciência alimenta-se através da obra de Sacerdotes Fidei Donum, de Consagrados, de Catequistas, de Leigos missionários, numa busca constante de promover a comunhão eclesial, de modo que também o fenómeno da "interculturalidade" possa integrar-se num modelo de unidade, no qual o Evangelho seja fermento de liberdade e de progresso, fonte de fraternidade, de humildade e de paz (cf. Ad gentes, 8). De facto, a Igreja "é em Cristo como que sacramento, ou seja, sinal e instrumento da união íntima com Deus e da unidade de todo o género humano" (Lumen gentium, 1).

A comunhão eclesial nasce do encontro com o Filho de Deus, Jesus Cristo que, no anúncio da Igreja, alcança os homens e cria comunhão com Ele próprio e por conseguinte, com o Pai e com o Espírito Santo (cf. 1 Jo 1, 3). Cristo estabelece a nova relação entre o homem e Deus. "É Ele quem nos revela "que Deus é caridade" (1 Jo 4, 8) e, ao mesmo tempo, nos ensina que a lei fundamental da perfeição humana e, portanto, da transformação do mundo, é o mandamento novo do amor. Assim, aos que crêem no amor divino dá-lhes a certeza de que abrir o caminho do amor a todos os homens e instaurar a fraternidade universal não são coisas vãs" (Gaudium et spes, 38).

A Igreja torna-se "comunhão" a partir da Eucaristia, na qual Cristo, presente no pão e no vinho, com o seu sacrifício de amor edifica a Igreja como seu corpo, unindo-nos ao Deus uno e trino e entre nós (cf. 1 Cor 10, 16ss). Na Exortação apostólica Sacramentum caritatis escrevi: "não podemos reservar para nós o amor que celebramos neste sacramento: por sua natureza, pede para ser comunicado a todos. Aquilo de que o mundo tem necessidade é do amor de Deus, é de encontrar Cristo e acreditar n'Ele" (n. 84). Por esta razão a Eucaristia não é só fonte e ápice da vida da Igreja, mas também da sua missão: "Uma Igreja autenticamente eucarística é uma Igreja missionária" (Ibid.), capaz de levar todos à comunhão com Deus, anunciando com convicção: "o que vimos e ouvimos, isso vos anunciamos, para que também vós tenhais comunhão connosco" (1 Jo 1, 3).

Caríssimos, neste Dia Missionário Mundial no qual o olhar do coração se dilata sobre os imensos espaços da missão, sintamo-nos todos protagonistas do compromisso da Igreja de anunciar o Evangelho. O estímulo missionário foi sempre sinal de vitalidade para as nossas Igrejas (cf. Carta enc. Redemptoris missio, 2) e a sua cooperação é testemunho singular de unidade, de fraternidade e de solidariedade, que nos torna críveis anunciadores do Amor que salva!

Por conseguinte, renovo a todos o convite à oração e, não obstante as dificuldades económicas, ao compromisso da ajuda fraterna e concreta em apoio das jovens Igrejas. Este gesto de amor e de partilha, que o serviço precioso das Pontifícias Obras Missionárias, à qual manifesto a minha gratidão, providenciará à distribuição, apoiará a formação de sacerdotes, seminaristas e catequistas nas terras de missão mais distantes e encorajará as jovens comunidades eclesiais.

Na conclusão da mensagem anual para o Dia Missionário Mundial, desejo expressar, com particular afecto, o meu reconhecimento aos missionários e às missionárias, que testemunham nos lugares mais distantes e difíceis, muitas vezes com a vida, o advento do Reino de Deus. A eles, que representam as vanguardas do anúncio do Evangelho, vai a amizade, a proximidade e o apoio de cada crente. "Deus (que) ama quem doa com alegria" (2 Cor 9, 7) os encha de fervor espiritual e de alegria profunda.

Como o "sim" de Maria, cada resposta generosa da Comunidade eclesial ao convite divino ao amor dos irmãos suscitará uma nova maternidade apostólica e eclesial (cf. Gl 4, 4.19.26), que deixando-se surpreender pelo mistério de Deus amor, o qual "ao chegar a plenitude dos tempos, enviou o Seu Filho, nascido de mulher" (Gl 4, 4), dará confiança e audácia a novos apóstolos. Esta resposta tornará todos os crentes capazes de ser "jubilosos na esperança" (Rm 12, 12) ao realizar o projecto de Deus, que deseja "que todo o género humano constitua um só Povo de Deus, se congregue num só Corpo de Cristo, e se edifique num só templo do Espírito Santo" (Ad gentes, 7).

Vaticano, 6 de Fevereiro de 2010.

BENEDICTUS PP. XVI

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

INTENÇÃO MISSIONÁRIA DO MÊS DE OUTUBRO DE 2010

“Para que a celebração do Dia Mundial das Missões seja uma ocasião para compreender que a tarefa de anunciar Cristo é um serviço necessário e irrenunciável que a Igreja é chamada a desempenhar em favor da humanidade”.

Em certos ambientes contemporâneos, pretende-se apresentar a ação missionária da Igreja como uma atividade desnecessária, como algo que oprime a liberdade de consciência dos outros homens. Se alguém pode se salvar sendo fiel à sua consciência, à religião do ambiente onde nasceu, por qual motivo anunciar o Evangelho?

O Papa lembra-nos que a tarefa de anunciar Cristo é um serviço necessário e indispensável que a Igreja é chamada a desempenhar, como um serviço à humanidade. Jesus Cristo é a plenitude da revelação de Deus, o Caminho, a Verdade e a Vida, e todos os homens têm o direito de ouvir este anúncio.

Por meio da atividade missionária, a Igreja propõe a luz de Deus que ela recebeu, sem impô-la a ninguém. Propor a não é impor. O mandato do Senhor permanece válido para sempre: “Ide pelo mundo e proclamai o Evangelho.” É parte essencial da natureza da Igreja a sua dimensão missionária. A Igreja deixaria de ser aquilo que Cristo quer que ela seja, se deixasse de anunciar a Salvação de Deus aos homens. Ao mesmo tempo, este anúncio é uma exigência profunda de conversão para a própria Igreja.

Bento XVI afirma que o mandato missionário “não se pode realizar de forma crível, sem uma profunda conversão pessoal, comunitária e pastoral" (Mensagem para o Dia Mundial das Missões 2010). Anunciar o Evangelho torna-se grande responsabilidade, porque os cristãos não podem levar este anúncio como “patrões”, como “proprietários” da verdade que anunciam, mas como servos dela, à qual entregam suas vidas, visto que descobrem nela o amor de Deus. “Como os peregrinos gregos de dois mil anos atrás, também os homens do nosso tempo, talvez não sempre conscientemente, pedem aos fiéis não apenas para ‘falar’ de Jesus, mas para ‘mostrar’ Jesus, fazer brilhar o rosto do Redentor em todos os cantos da terra diante das gerações do novo milênio, e especialmente diante dos jovens de cada continente, destinatários privilegiados e sujeitos do anúncio do Evangelho. Eles devem perceber que os cristãos levam a Palavra de Cristo, porque Ele é a Verdade, porque encontraram n’Ele o sentido, a verdade para as suas vidas” (Bento XVI, Mensagem para o Dia Mundial das Missões 2010).

Não podemos ser anunciadores sem antes sermos fiéis que vivem com coerência a mensagem que anunciam. O Cristianismo não é uma ideologia, mas um encontro vital com Cristo, o Filho do Deus vivo. “Só a partir deste encontro com o Amor de Deus, que muda a existência, podemos viver em comunhão com Ele e entre nós, e oferecer aos irmãos um testemunho crível, dando razão da esperança que existe em nós” (cf. 1Pd 3,15 – Ibid.). Maria, Mãe de Deus e Rainha dos Apóstolos, ajude com seu afeto maternal o impulso missionário dos discípulos de Cristo, para que todos os homens possam conhecer o amor de Deus manifestado em Cristo Jesus.

Fonte: Agência Fides