quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

INTENÇÃO MISSIONÁRIA PARA O MÊS DE DEZEMBRO DE 2010

“Para que os povos da terra abram as portas a Cristo e ao seu Evangelho de paz, fraternidade e justiça.”



Em seu livro “Jesus de Nazaré”, Bento XVI recorda o significado original da palavra “Evangelho”. Geralmente traduzida simplesmente como “boa notícia”, mas o seu significado é mais profundo. É proveniente do Império Romano, onde as palavras do imperador eram anúncio de favor e de salvação para o povo. Depois passou a designar o gênero literário dos escritos que nos deixaram os evangelistas João, Mateus, Marcos e Lucas. Se voltamos ao seu significado originário, constatamos que somente a Palavra de Jesus é realmente “evangelho”. Aquele que é o Verbo encarnado, se torna Evangelho vivo para nós. A sua pessoa e a sua presença levam a salvação de Deus aos homens. Cristo, a Palavra do Pai, dirigida a toda pessoa, está em busca de uma resposta para poder estabelecer um diálogo de salvação com os homens. O Apocalipse nos recorda o ensinamento de Cristo em relação a todo ser humano: “Eis que estou à porta e bato. Se alguém ouvindo a minha voz abrir a porta, eu entrarei e cearei com ele e ele comigo” (Ap 3, 20). Devemos elevar a nossa oração para que os corações de todos os homens se abram a Deus. Na medida em que nós o deixamos entrar para jantar conosco, ou seja, abrir a ele a nossa intimidade, Cristo poderá transformar os corações e a sociedade. Cristo é a nossa paz. Ele tornou-se nosso irmão fazendo-se homem, se fez pequeno para que a gente não tivesse medo de chegar perto dele, de abrir-lhe a porta e recebê-lo. Ele é para nós a justiça salvadora de Deus. O conceito humano de justiça consiste em dar a cada um aquilo que é seu, mas Deus tem um conceito diferente de justiça. Entregou seu filho à morte por nós, assim o justo morreu pelos pecadores. Aos nossos olhos, a justiça de Deus parece injusta, porque todo homem recebe o contrário daquilo que lhe cabe. O justo assume sobre si a maldição do pecado e o pecador recebe a bênção que cabe ao justo, mas Deus tem um diferente conceito de justiça. Por isso, afirma Bento XVI, “diante da justiça da Cruz o homem pode se rebelar, porque ela evidencia que o homem não é um ser autárquico, mas precisa de um Outro para ser plenamente si mesmo. Converter-se a Cristo, acreditar no Evangelho, significa isso: sair da ilusão da autossuficiência para descobrir a aceitar a própria indigência, indigência dos outros e de Deus, exigência de seu perdão e de sua amizade” (Mensagem para a Quaresma 2010). No Natal contemplamos o Verbo que se fez carne. A Palavra eterna se fez pequena, tão pequena que pode ficar numa manjedoura. Ele se fez criança e com um rosto que podemos ver, Jesus de Nazaré (cfr. Verbum Domini, 12). "Veio entre os seus, e os seus não o acolheram. Aqueles que o acolheram deu o poder de se tornarem filhos de Deus” (Jo 1, 11-12). Somente graças à filiação divina, podemos chegar a sermos irmãos. Somente quando existe um Pai, pode existir uma fraternidade. Para que Cristo nos torne filhos, agora podemos ser irmãos. Rezemos para que Maria nos ensine a escutar a Palavra, a mantê-la no coração e dar a ela corpo, para que Cristo seja visível em nós para os nossos irmãos.

Fonte: Agência Fides

VOLTEM O VOSSO OLHAR PARA O SENHOR

Em nossa jornada para o Natal, somos chamados à conversão. Com o anúncio de que o Reino de Deus se aproxima, somos convidados a voltarmos o nosso olhar para o Senhor. O personagem bíblico que nos convoca para tal atitude é João Batista. Ele é o nosso orientador espiritual. É a “voz que grita no deserto”. Ele nos indica o caminho do Senhor e nos ajuda a reconhecer o verdadeiro sentido da nossa vida.

“Convertei-vos, porque o reino dos céus está próximo” (Mt 3, 2). João Batista nos aponta Jesus Cristo. Deseja que nos encontremos com o Senhor e entremos em seu Reino. Para isso, ele nos pede a conversão. Pela conversão voltamo-nos para o caminho de Deus, para o Reino da Graça. A conversão nos impele a seguir, escutar e anunciar Jesus.

João nos diz, com sua mensagem simples mas radical, ser preciso produzir frutos que revelem a nossa conversão. Uma conversão estéril demonstra que estamos distante do projeto salvífico de Deus. A conversão verdadeira, leva-nos a comprometer com o Evangelho, a viver uma espiritualidade em que Cristo é o centro de nossa vida.

João dava testemunho da Palavra de Deus, da “luz verdadeira que ilumina todo homem" (Jo 1,9). Nós também, tendo os nossos olhares no Senhor, somos orientados a ser testemunhas da Luz. A anunciar o seu Reino de amor a todas as pessoas. Como João, somos mensageiros, profetas e precursores da Boa Nova da salvação, que é obtida somente através de Jesus, “a luz verdadeira”.

De fato, a nossa vocação, como a de João, é testemunhar a cada dia, no nosso trabalho e nas nossas relações, não apenas com palavras, mas com atitudes, que Jesus é o autor da eterna salvação para todos “aqueles que o aceitam e crêem no seu nome"(Jo 1:12). Pois, na medida em que tomamos consciência disso, participaremos mais ativamente da missão de Cristo e da Igreja, revelando ao mundo o seu Reino.

A HUMANIDADE ESPERA

O tempo do Advento se aproxima. O Advento é para toda a Igreja, momento de espera alegre e confiante da vinda de Jesus. É tempo de estarmos atentos e vigilantes, preparando-nos da melhor forma possível para a chegada do nosso Salvador. O Advento nos recorda a dimensão histórica da salvação, evidencia o reinado messiânico e nos insere no caráter missionário de Jesus Cristo.

O Advento é tempo de esperança, pois em Jesus, Deus se faz ser humano e vem habitar entre nós. Deus se torna presença na humanidade, confirmando a promessa e a aliança feita ao povo de Israel. Deus encarnando-se anuncia às nações que seu Reino está próximo.

O Advento nos mostra o Deus da Revelação, Aquele que é, que era e que vem (Ap 1, 4-8). O Deus que está sempre realizando a salvação, cuja consumação se cumprirá no "dia do Senhor", no final dos tempos. O tempo do advento nos recorda ainda que um mundo novo, de solidariedade e paz, está próximo. Com a chegada do Salvador, “novos céus e nova terra” são anunciados. Em Jesus nos tornamos novas criaturas.

O Advento é tempo de graça. É o tempo do amor de Deus para conosco. Deus vem ao nosso encontro para que possamos ver e entender que ele governa o seu povo com justiça, defendendo os pobres, os aflitos e oprimidos, e faz valer as suas reivindicações e direitos.

O Advento nos aponta o caminho da missão. O caráter missionário do Advento se manifesta na Igreja pelo anúncio do Reino e a sua acolhida pelo coração do homem até a manifestação gloriosa de Cristo. As figuras de João Batista e Maria são exemplos concretos da missionariedade de cada cristão, quer preparando o caminho do Senhor, quer levando o Cristo ao irmão para o santificar. Não se pode esquecer que toda a humanidade e a criação vivem em clima de advento, de ansiosa espera da manifestação cada vez mais visível do Reino de Deus.

Ano após ano, a Igreja nos convida a olhar para a frente, vivendo este "precioso tempo de redenção", onde possamos renovar a nossa esperança cristã. Esperança nos dias que estão por vir: o dia do Senhor, o dia da salvação, dia da libertação definitiva da escravidão do pecado e do domínio da morte. A humanidade espera e anseia pela chegada do seu Redentor. A celebração do Advento é, portanto, um meio precioso e indispensável para nos ensinar sobre o mistério da salvação e assim termos a Jesus como referencia e fundamento, dispondo-nos a "perder" a vida em favor do anúncio e instalação do Reino.

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

INTENÇÃO MISSIONÁRIA PARA O MÊS DE NOVEMBRO DE 2010

“Para que as Igrejas da América Latina prossigam a Missão Continental proposta pelos seus bispos, inserindo-a na universal tarefa missionária do Povo”

De 13 a 31 de maio de 2007 realizou-se em Aparecida (Brasil), a V Conferência Geral do Episcopado da América Latina e do Caribe, inaugurada com a presença e as palavras do Papa Bento XVI. Teve como tema "Discípulos e missionários de Jesus Cristo, para que nossos povos Nele tenham vida".
Na mensagem final, de 29 de maio de 2007, os bispos expressaram o seu desejo, em união com toda a Igreja, de "abraçar todos os irmãos e irmãs do continente para transmitir o amor de Deus e o nosso”. Com a força do Espírito Santo, convidaram todos os católicos, unidos e entusiasmados, para realizar uma Grande Missão Continental. Esta missão deve ser um novo Pentecostes que incentiva a buscar, de maneira especial, os católicos que se afastaram e aqueles que pouco ou nada conhecem de Jesus Cristo. Essa missão deve chegar a todos, ser permanente e profunda.
Todos devem sentir a responsabilidade de evangelizar aqueles que estão mais próximos, porque vivem no seu próprio país ou por motivos de relação de sangue, percebendo que se tratar de cooperar concretamente ao desejo de Cristo que o Evangelho chegue ao "mundo inteiro". A Igreja latino-americana é abençoada por Deus com muitas vocações. Aqueles que receberam o Evangelho da velha Europa, são agora missionários em muitas partes do Ocidente cristão que está atravessando uma grave crise.
No discurso inaugural que o Santo Padre se dirigiu aos participantes da V Conferência Geral do Episcopado da América Latina e do Caribe, Bento XVI recordou que a fé cristã significou para a América Latina conhecer e aceitar Cristo, o Deus desconhecido que seus antepassados buscaram, sem saber, em suas tradições religiosas. Pelas águas do batismo, receberam a vida divina, a incomparável dignidade de serem filhos de Deus. O Papa também disse que "o anúncio de Jesus e seu Evangelho não foi em nenhum momento, a alienação das culturas pré-colombianas, nem foi uma imposição de uma cultura estrangeira"(Bento XVI, Discurso Inaugural, 13 de maio de 2007).
Comentando o tema da Conferência, "Discípulos e missionários de Jesus Cristo, para que nossos povos Nele tenham vida", o Papa observou que os batizados estão convencidos de que podem encontrar em Cristo a vida divina, e por isto querem levar a todos o dom que encontraram Nele. A Igreja deve sempre seguir o caminho do Evangelho, sem recorrer a critérios emprestados por ideologia, não apenas estranha, mas também em contraste com o Evangelho. Para fazer este trabalho de evangelização e de anúncio, é um requisito indispensável o conhecimento da Palavra de Deus", caso contrário, como anunciarão uma mensagem cujo conteúdo e espírito não conhecem profundamente?" (Bento XVI, ib.).
Não podemos esquecer que a evangelização esteve sempre ligada ao desenvolvimento humano e à autêntica libertação cristã. Portanto, Bento XVI afirma: "Amor a Deus e amor ao próximo se fundem num todo: no mais pequeno encontramos o próprio Jesus e em Jesus encontramos Deus" (Deus caritas est, 15). É necessário ser discípulos para poder ser missionários. Discipulado e missão são como duas faces da mesma moeda: quando o discípulo está apaixonado por Cristo, não pode deixar de anunciar ao mundo que só Ele é a nossa salvação.
Junto com os Bispos latino-americanos rezamos para que o Continente da Esperança possa ser também o continente onde todos os fiéis se sintam missionários do amor, da vida e da paz de Jesus Cristo.

Fonte: Agência Fides

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

MISSÃO E EUCARISTIA

A Igreja é fundamentalmente missionária. Nela encontramos o apelo do Senhor Jesus para a evangelização dos povos. Todavia, para anunciar corajosamente a Boa Nova de Cristo, a Igreja se nutre da Eucaristia, do Corpo e Sangue de Jesus. Por meio da Celebração Eucarística, Jesus dá força aos seus discípulos missionários para irem proclamar o seu Reino entre as nações.

Na missão, a “Eucaristia é fonte e ápice de toda evangelização”(Presbyterorum Ordinis, 5). Sendo os discípulos missionários imitadores de Jesus, eles procuram adotar um estilo de vida cada vez mais eucarístico. Por Jesus Eucarístico, a missão torna-se uma exigência de amor e doação.

Do encontro com Cristo Eucarístico, os discípulos missionários se vêem animados e fortalecidos para anunciar o amor misericordioso de Cristo Redentor. “O encontro com Cristo, aprofundado de modo contínuo na intimidade eucarística, suscita na Igreja e em cada cristão a urgência de testemunhar e de evangelizar”. (João Paulo II, Mane Nobiscum Domine, 24).

Sabe-se que Jesus, pela sua paixão e morte na cruz, morreu por todos os seres humanos. Por meio da cruz, Jesus Redentor oferece ao ser humano o dom da salvação. A Eucarística torna visível o dom salvífico de Deus pela humanidade. Este presente, portanto, é anunciado pela Igreja a todas as pessoas. O dom eucarístico de Jesus é um meio pelo qual os discípulos missionários testemunham o Evangelho e anunciam a fraternidade universal, pois Jesus quer reunir todos os povos num único reino, o Reino de Deus Pai.

“Pela comunhão eucarística, estamos todos comprometidos na construção de um mundo unido, e reconhecemos que isso não vem de nós mesmos, mas daquele que nos chamou” (Texto-base do XVI Congresso Eucarístico Nacional, pág. 76) e enviou, o nosso Senhor Jesus Cristo. “Se todos os filhos da Igreja fossem missionários incansáveis do Evangelho, brotaria uma nova floração de santidade e de renovação neste mundo sedento de amor e de verdade”(Alocução do Papa João Paulo I em 27 de agosto de 1978).

A necessidade de sermos discípulos missionários se apresenta a todos os cristãos. A Eucaristia nos indica e nos prepara para a missão. Ela nos dá disposição para proclamarmos a justiça e a verdade. É preciso demonstrar que Cristo Eucarístico é o vigor da nossa vida e que nos conduz à direção de novas messes.

“Necessitamos sair ao encontro das pessoas, das famílias, das comunidades e dos povos para lhes comunicar e compartilhar o dom do encontro com Cristo, que tem preenchido nossas vidas de sentido, de verdade e de amor, de alegria e de esperança!” (Documento de Aparecida, nº 548). O discípulo missionário professa, continuamente, que “o dom da Eucaristia é um dom de Jesus à Igreja e ao mundo!” (Texto-base do XVI Congresso Eucarístico Nacional, pág. 48).

terça-feira, 12 de outubro de 2010

MÊS DE OUTUBRO, MÊS MISSIONÁRIO – MISSÃO E PARTILHA

Iniciamos em outubro o mês missionário. Neste mês, queremos refletir melhor sobre a Missão evangelizadora de Cristo, da Igreja e nossa missão de discípulos missionários do Reino. A Igreja do Brasil, através das Pontifícias Obras Missionárias, nos propõe como tema de reflexão Missão e partilha. Nos caminhos da missão, a partilha é um ato fundamental de anúncio e vivência da fé em Cristo.

O mês missionário nos recorda que a Igreja é por sua natureza missionária. Ela nasceu da missão iniciada por Jesus de Nazaré e continuada pelos apóstolos sob a orientação do Espírito Santo. No dia de Pentecostes, os apóstolos receberam a efusão do Espírito de Deus e com a força deste Espírito foram levados a proclamar o Evangelho a todos os povos da terra.

O próprio Jesus Cristo enviou os discípulos: “Ide por todo o mundo e pregai o Evangelho a toda criatura” (Mc 16, 15). A partir desse mandato, a Igreja assume o compromisso de anunciar a Boa Nova do Reino a toda humanidade. Tomando essa responsabilidade para si, a Igreja, animada pelo Espírito, não pode deixar de trilhar os caminhos de missão.

A missão exige da Igreja, dos filhos e filhas de Deus, abertura e acolhida de todas as nações do mundo. A fé professada em Jesus Cristo impulsiona os discípulos missionários a levar o Evangelho a distantes localidades do nosso planeta. Os missionários e missionárias e cada comunidade cristã são chamados a testemunharem o Reino de Deus, reino de justiça e paz.

Somos convocados a abrir-nos à humanidade inteira. A sermos pessoas universais que acolhe e partilha a nossa fé naquele único salvador, Jesus, o enviado de Deus Pai. Que o mês missionário nos ajude a reconhecer cada vez mais a natureza missionária e universal da Igreja. Natureza que também faz parte da nossa vida de cristãos e cristãs que crêem e seguem a Cristo Jesus.

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

MENSAGEM DO PAPA BENTO XVI PARA O DIA MISSIONÁRIO MUNDIAL 2010

A construção da comunhão eclesial é a chave da missão


Prezados irmãos e irmãs!

Com a celebração do Dia Missionário Mundial, o mês de Outubro oferece às Comunidades diocesanas e paroquiais, aos Institutos de Vida Consagrada, aos Movimentos Eclesiais, a todo o Povo de Deus, a ocasião para renovar o compromisso de anunciar o Evangelho e dar às actividades pastorais um ímpeto missionário mais amplo. Este encontro anual convida-nos a viver intensamente os percursos litúrgicos e catequéticos, caritativos e culturais, mediante os quais Jesus Cristo nos convoca à mesa da sua Palavra e da Eucaristia, para saborear o dom da sua Presença, formar-nos na sua escola e viver cada vez mais conscientemente unidos a Ele, Mestre e Senhor. É Ele mesmo quem nos diz: "Aquele que me ama será amado por meu Pai: Eu amá-lo-ei e manifestar-me-ei a ele" (Jo 14, 21). Só a partir deste encontro com o Amor de Deus, que muda a existência, podemos viver em comunhão com Ele e entre nós, e oferecer aos irmãos um testemunho credível, explicando a razão da nossa esperança (cf. 1 Pd 3, 15). Uma fé adulta, capaz de se confiar totalmente a Deus com atitude filial, alimentada pela oração, pela meditação da Palavra de Deus e pelo estudo das verdades da fé, é uma condição para poder promover um novo humanismo, fundamentado no Evangelho de Jesus.

Além disso, em Outubro, em muitos países retomam-se as várias actividades eclesiais depois da pausa de Verão, e a Igreja convida-nos a aprender de Maria, mediante a oração do Santo Rosário, a contemplar o desígnio de amor do Pai sobre a humanidade, para a amar como Ele a ama. Não é porventura este o sentido da missão?

Com efeito, o Pai chama-nos a ser filhos amados no seu Filho, o Amado, e a reconhecer-nos todos irmãos naquele que é Dom de Salvação para a humanidade dividida pela discórdia e pelo pecado, e Revelador do verdadeiro Rosto daquele Deus que "amou de tal modo o mundo, que lhe deu o seu Filho único, para que todo o que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna" (Jo 3, 16).

"Queremos ver Jesus" (Jo 12, 21), é o pedido que, no Evangelho de João, alguns gregos que chegaram a Jerusalém para a peregrinação pascal, dirigem ao Apóstolo Filipe. Ele ressoa também no nosso coração neste mês de Outubro, que nos recorda como o compromisso do anúncio evangélico compete a toda a Igreja, "missionária por sua própria natureza" (Ad gentes, 2), convidando-nos a tornarmo-nos promotores da novidade de vida, feita de relacionamentos autênticos, em comunidades fundadas no Evangelho. Numa sociedade multiétnica que experimenta cada vez mais formas preocupantes de solidão e de indiferença, os cristãos devem aprender a oferecer sinais de esperança e a tornar-se irmãos universais, cultivando os grandes ideais que transformam a história e, sem falsas ilusões nem medos inúteis, comprometer-se para fazer com que o planeta seja a casa de todos os povos.

Como os peregrinos gregos de há dois mil anos, também os homens do nosso tempo, talvez nem sempre conscientemente, pedem aos crentes não só que "falem" de Jesus, mas que "façam ver" Jesus, façam resplandecer o Rosto do Redentor em cada ângulo da terra diante das gerações do novo milénio e sobretudo diante dos jovens de cada continente, destinatários privilegiados e agentes do anúncio evangélico. Eles devem sentir que os cristãos levam a Palavra de Cristo porque Ele é a Verdade, porque n'Ele encontraram o sentido, a verdade para a sua vida.

Estas considerações remetem para o mandamento missionário que todos os baptizados e a Igreja inteira receberam, mas que não se pode realizar de maneira credível sem uma profunda conversão pessoal, comunitária e pastoral. De facto, a consciência da chamada a anunciar o Evangelho estimula não só cada fiel individualmente, mas todas as Comunidades diocesanas e paroquiais a uma renovação integral e a abrir-se cada vez mais à cooperação missionária entre as Igrejas, para promover o anúncio do Evangelho no coração de cada pessoa, de cada povo, cultura, raça, nacionalidade, em todas as latitudes. Esta consciência alimenta-se através da obra de Sacerdotes Fidei Donum, de Consagrados, de Catequistas, de Leigos missionários, numa busca constante de promover a comunhão eclesial, de modo que também o fenómeno da "interculturalidade" possa integrar-se num modelo de unidade, no qual o Evangelho seja fermento de liberdade e de progresso, fonte de fraternidade, de humildade e de paz (cf. Ad gentes, 8). De facto, a Igreja "é em Cristo como que sacramento, ou seja, sinal e instrumento da união íntima com Deus e da unidade de todo o género humano" (Lumen gentium, 1).

A comunhão eclesial nasce do encontro com o Filho de Deus, Jesus Cristo que, no anúncio da Igreja, alcança os homens e cria comunhão com Ele próprio e por conseguinte, com o Pai e com o Espírito Santo (cf. 1 Jo 1, 3). Cristo estabelece a nova relação entre o homem e Deus. "É Ele quem nos revela "que Deus é caridade" (1 Jo 4, 8) e, ao mesmo tempo, nos ensina que a lei fundamental da perfeição humana e, portanto, da transformação do mundo, é o mandamento novo do amor. Assim, aos que crêem no amor divino dá-lhes a certeza de que abrir o caminho do amor a todos os homens e instaurar a fraternidade universal não são coisas vãs" (Gaudium et spes, 38).

A Igreja torna-se "comunhão" a partir da Eucaristia, na qual Cristo, presente no pão e no vinho, com o seu sacrifício de amor edifica a Igreja como seu corpo, unindo-nos ao Deus uno e trino e entre nós (cf. 1 Cor 10, 16ss). Na Exortação apostólica Sacramentum caritatis escrevi: "não podemos reservar para nós o amor que celebramos neste sacramento: por sua natureza, pede para ser comunicado a todos. Aquilo de que o mundo tem necessidade é do amor de Deus, é de encontrar Cristo e acreditar n'Ele" (n. 84). Por esta razão a Eucaristia não é só fonte e ápice da vida da Igreja, mas também da sua missão: "Uma Igreja autenticamente eucarística é uma Igreja missionária" (Ibid.), capaz de levar todos à comunhão com Deus, anunciando com convicção: "o que vimos e ouvimos, isso vos anunciamos, para que também vós tenhais comunhão connosco" (1 Jo 1, 3).

Caríssimos, neste Dia Missionário Mundial no qual o olhar do coração se dilata sobre os imensos espaços da missão, sintamo-nos todos protagonistas do compromisso da Igreja de anunciar o Evangelho. O estímulo missionário foi sempre sinal de vitalidade para as nossas Igrejas (cf. Carta enc. Redemptoris missio, 2) e a sua cooperação é testemunho singular de unidade, de fraternidade e de solidariedade, que nos torna críveis anunciadores do Amor que salva!

Por conseguinte, renovo a todos o convite à oração e, não obstante as dificuldades económicas, ao compromisso da ajuda fraterna e concreta em apoio das jovens Igrejas. Este gesto de amor e de partilha, que o serviço precioso das Pontifícias Obras Missionárias, à qual manifesto a minha gratidão, providenciará à distribuição, apoiará a formação de sacerdotes, seminaristas e catequistas nas terras de missão mais distantes e encorajará as jovens comunidades eclesiais.

Na conclusão da mensagem anual para o Dia Missionário Mundial, desejo expressar, com particular afecto, o meu reconhecimento aos missionários e às missionárias, que testemunham nos lugares mais distantes e difíceis, muitas vezes com a vida, o advento do Reino de Deus. A eles, que representam as vanguardas do anúncio do Evangelho, vai a amizade, a proximidade e o apoio de cada crente. "Deus (que) ama quem doa com alegria" (2 Cor 9, 7) os encha de fervor espiritual e de alegria profunda.

Como o "sim" de Maria, cada resposta generosa da Comunidade eclesial ao convite divino ao amor dos irmãos suscitará uma nova maternidade apostólica e eclesial (cf. Gl 4, 4.19.26), que deixando-se surpreender pelo mistério de Deus amor, o qual "ao chegar a plenitude dos tempos, enviou o Seu Filho, nascido de mulher" (Gl 4, 4), dará confiança e audácia a novos apóstolos. Esta resposta tornará todos os crentes capazes de ser "jubilosos na esperança" (Rm 12, 12) ao realizar o projecto de Deus, que deseja "que todo o género humano constitua um só Povo de Deus, se congregue num só Corpo de Cristo, e se edifique num só templo do Espírito Santo" (Ad gentes, 7).

Vaticano, 6 de Fevereiro de 2010.

BENEDICTUS PP. XVI

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

INTENÇÃO MISSIONÁRIA DO MÊS DE OUTUBRO DE 2010

“Para que a celebração do Dia Mundial das Missões seja uma ocasião para compreender que a tarefa de anunciar Cristo é um serviço necessário e irrenunciável que a Igreja é chamada a desempenhar em favor da humanidade”.

Em certos ambientes contemporâneos, pretende-se apresentar a ação missionária da Igreja como uma atividade desnecessária, como algo que oprime a liberdade de consciência dos outros homens. Se alguém pode se salvar sendo fiel à sua consciência, à religião do ambiente onde nasceu, por qual motivo anunciar o Evangelho?

O Papa lembra-nos que a tarefa de anunciar Cristo é um serviço necessário e indispensável que a Igreja é chamada a desempenhar, como um serviço à humanidade. Jesus Cristo é a plenitude da revelação de Deus, o Caminho, a Verdade e a Vida, e todos os homens têm o direito de ouvir este anúncio.

Por meio da atividade missionária, a Igreja propõe a luz de Deus que ela recebeu, sem impô-la a ninguém. Propor a não é impor. O mandato do Senhor permanece válido para sempre: “Ide pelo mundo e proclamai o Evangelho.” É parte essencial da natureza da Igreja a sua dimensão missionária. A Igreja deixaria de ser aquilo que Cristo quer que ela seja, se deixasse de anunciar a Salvação de Deus aos homens. Ao mesmo tempo, este anúncio é uma exigência profunda de conversão para a própria Igreja.

Bento XVI afirma que o mandato missionário “não se pode realizar de forma crível, sem uma profunda conversão pessoal, comunitária e pastoral" (Mensagem para o Dia Mundial das Missões 2010). Anunciar o Evangelho torna-se grande responsabilidade, porque os cristãos não podem levar este anúncio como “patrões”, como “proprietários” da verdade que anunciam, mas como servos dela, à qual entregam suas vidas, visto que descobrem nela o amor de Deus. “Como os peregrinos gregos de dois mil anos atrás, também os homens do nosso tempo, talvez não sempre conscientemente, pedem aos fiéis não apenas para ‘falar’ de Jesus, mas para ‘mostrar’ Jesus, fazer brilhar o rosto do Redentor em todos os cantos da terra diante das gerações do novo milênio, e especialmente diante dos jovens de cada continente, destinatários privilegiados e sujeitos do anúncio do Evangelho. Eles devem perceber que os cristãos levam a Palavra de Cristo, porque Ele é a Verdade, porque encontraram n’Ele o sentido, a verdade para as suas vidas” (Bento XVI, Mensagem para o Dia Mundial das Missões 2010).

Não podemos ser anunciadores sem antes sermos fiéis que vivem com coerência a mensagem que anunciam. O Cristianismo não é uma ideologia, mas um encontro vital com Cristo, o Filho do Deus vivo. “Só a partir deste encontro com o Amor de Deus, que muda a existência, podemos viver em comunhão com Ele e entre nós, e oferecer aos irmãos um testemunho crível, dando razão da esperança que existe em nós” (cf. 1Pd 3,15 – Ibid.). Maria, Mãe de Deus e Rainha dos Apóstolos, ajude com seu afeto maternal o impulso missionário dos discípulos de Cristo, para que todos os homens possam conhecer o amor de Deus manifestado em Cristo Jesus.

Fonte: Agência Fides

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

INTENÇÃO MISSIONÁRIA DO MÊS DE AGOSTO 2010

A fim de que a Igreja seja a “casa” de todos, pronta a abrir as suas portas aos que são obrigados pelas discriminações raciais e religiosas, pela fome e pelas guerras a emigrar para outros países.

Um dos problemas que mais pressionam o homem contemporâneo é o sentido da solidão. Entre a multidão que percorre as grandes cidades, perde-se o interesse pela pessoa. Assim, muitas pessoas fazem experiência da solidão, do abandono, mesmo se circundadas por centenas de seres humanos. Este problema é particularmente vivido pelos imigrantes, aqueles que devem abandonar suas casas e seus países de origem, movidos pela brutalidade da guerra, pela discriminação, pelo racismo ou pela intolerância de uma religião imposta, ao contrário de sua consciência.

Faz parte do próprio ser da Igreja ter um sentido de “família de Deus”, ainda mais, um sentido de “casa”. A “casa” é o lugar onde cada pessoa se sente amada, valorizada por aquilo que é. Dizer “casa” é dizer o calor humano, a experiência de maternidade. Muitas vezes é a mãe, com seu amor materno, que transforma uma casa num lar. A Igreja, como Mãe Santa, deve ser “casa” para todos os seus filhos, especialmente os mais necessitados.

Deve sempre ressoar em nossos ouvidos as palavras do Mestre: “O que você fizer a um desses meus irmãos pequeninos, a mim o faz.” “A realidade da imigração cria na pessoa que a enfrenta duras condições de impotência, insegurança, falta do necessário. Muitas vezes, unem-se a isso as limitações decorrentes de barreiras linguísticas, falta de emprego, etc. A posição de fraqueza e necessidade, muitas vezes desesperada, torna o imigrante capaz de ser manipulado. Muitas vezes, eles sofrem abusos no trabalho. Não devemos esquecer que o imigrante é uma pessoa humana, com direitos fundamentais, inalienáveis, que todos devem respeitar sempre.” (Bento XVI, Mensagem para o Dia Mundial do Migrante 2010).

E “dever de todos nós apresentar um rosto da Igreja que reflita realmente a face de Cristo. Um rosto materno que seja expressão da bondade misericordiosa de nosso Deus. Em sua encíclica Deus Caritas Est, o Papa Bento XVI falou muito claramente sobre o exercício da caridade na Igreja. “A Igreja é a família de Deus no mundo. Nessa família ninguém deve sofrer por falta do necessário. Ao mesmo tempo, a cáritas-ágape estende-se para além das fronteiras da Igreja, a parábola do Bom Samaritano permanece a norma que impõe a universalidade do amor para com o necessitado encontrado “por acaso” (cf. Lc 10,31), seja ele quem for. Para além desta universalidade do mandamento do amor, existe também uma exigência especificamente eclesial: a de que na própria Igreja, como família, nenhum membro sofra, porque passa por necessidade” (DCE 25b).

Falando dos primeiros sete diáconos, o Papa constata que esse grupo “não deveria realizar um trabalho puramente técnico de distribuição: deveriam ser homens “cheios do Espírito e de Sabedoria” (cf. At 6,1-6). Isto significa que o trabalho social que tinham de realizar era absolutamente concreto, mas ao mesmo tempo era, sem dúvida, também um serviço espiritual, que realizava uma tarefa essencial da Igreja, a do amor bem ordenado ao próximo” (DCE 21). Não se trata de um serviço puramente social, mas de uma expressão da caridade sobrenatural da Igreja.

Peçamos à Maria, nossa Mãe, que nos ajude a ser verdadeiramente o rosto materno da Igreja, como expressão do amor de Deus para todos os homens. A Mãe de Deus teve de emigrar para o Egito, a fim de defender a vida da Vida, e experimentou as dificuldades e necessidades dos migrantes. À sua materna intercessão, confiamos todos os nossos irmãos que tiveram de abandonar suas pátrias, para que os guarde para a pátria eterna.

Fonte: Agencia Fides

segunda-feira, 21 de junho de 2010

I CONGRESSO MISSIONÁRIO NACIONAL DE SEMINARISTAS


A formação missionária dos futuros padres é uma das preocupações do Conselho Missionário Nacional (Comina) e da Comissão Episcopal para os Ministérios Ordenados da CNBB, que promovem, de 4 a 10 de julho, o primeiro Congresso Missionário exclusivamente para seminaristas e formadores dos futuros padres. O Congresso, que será acolhido pelo Seminário Arquidiocesano Nossa Senhora de Fátima, em Brasília, reunirá 150 seminaristas a partir do 3º ano de filosofia e 50 formadores.

A abertura do Congresso será no dia 4, às 19h, com missa presidida pelo secretário geral da CNBB, dom Dimas Lara Barbosa. “O objetivo do congresso é ajudar os seminaristas do Brasil a assumir a dimensão missionária universal da vocação cristã e presbiteral”, explica o diretor das Pontifícias Obras Missionárias (POM), padre Daniel Lagni.

O Congresso vai discutir o tema “formação presbiteral para uma missão sem fronteiras”. “Por ocasião do Ano Sacerdotal, pareceu-nos oportuno promover um evento que fosse avaliação da caminhada feita e articulação, reflexão, compromisso e avanço em vista de uma formação presbiteral profundamente missionária”, acrescenta padre Daniel.

Uma cartilha foi elaborada pelos organizadores do Congresso e deverá ser estudada previamente pelos seminaristas que se inscreveram para o Congresso. Cartazes também foram distribuídos por todos os regionais da CNBB, divulgando o evento.

O evento é organizado pelas Pontifícias Obras Missionárias (POM), Centro Cultural Missionário (CCM) e pelas Comissões Episcopais para Animação Missionária e para os Ministérios Ordenados, ambas da CNBB. As entidades contam com o apoio da paróquia Divino Espírito Santo, de Brasília.

Fonte: CNBB