quinta-feira, 30 de julho de 2009

ENCONTRO DA INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA MISSIONÁRIA NO CENTRO CULTURAL CONFORTI – CCC

O Centro Cultural Conforti procura, desde sua inauguração, ser um ponto de referência para a animação missionária das comunidades eclesiais, e também um espaço de estudo e conhecimento sobre as temáticas do diálogo, da paz e da educação à mundialidade.
Seguindo estes propósitos, o Centro Cultural Conforti está acolhendo neste ano de 2009 os encontros de formação da Infância e Adolescência missionária de Curitiba, cujo tema de trabalho para este ano é “DISCÍPULOS MISSIONÁRIOS CONSTRUTORES DE UM MUNDO DE PAZ”.
Os encontros tiveram início no dia 15 março. Neste dia as crianças da Infância missionária tiveram como tema de formação “PAZ, COMO CULTURA DE PAZ”. Também nesse encontro aconteceu o envio missionário da Irmã Sirene, religiosa da Congregação das Missionárias Combonianas, que em junho partiu para o Chade, África, em missão.

Confira as fotos deste encontro:

Cenário do encontro


Início da formação - palestrantes




Trabalhos em grupos




Animação com cantos e dinâmicas




Irmã Sirene apresentando aspectos culturais do Chade




Testemunho da Irmã Sirene



Envio missionário de Irmã Sirene


terça-feira, 28 de julho de 2009

CARTA FINAL DO 12º INTERECLESIAL ÀS COMUNIDADE

Escrito por Administrator

Dom, 26 de Julho de 2009

“Bem-aventurados os pobres em espírito, porque deles é o Reino do Céu;
... Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados...” (Mt 5, 3.6)


1. Nós, participantes do XII Intereclesial das CEBs, daqui das margens do Rio Madeira, no coração da Amazônia, saudamos com afeto as irmãs e irmãos de todos os cantos do Brasil e dos demais países do continente, que sonham conosco com novos céus e nova terra, num jeito novo de ser igreja, de atuar em sociedade e de cuidar respeitosa e amorosamente de toda a criação!

2. Fomos convocados de 21 a 25 de julho de 2009, pelo Espírito e pela Igreja irmã de Porto Velho/RO, para nos debruçar sobre o tema que nos guiou por toda a preparação do Intereclesial em nossas comunidades e regionais:
“CEBs: Ecologia e Missão – Do ventre da terra, o grito que vem da Amazônia”.


Acolhendo as delegações e celebrando os povos da Amazônia

3. Encheu-nos de entusiasmo ver chegando, depois de dois, três e até cinco dias de viagem os delegados, em sua maioria de ônibus fretados, ou ainda em barcos e aviões. Em muitos ônibus, vieram acompanhados de seus bispos e encontraram, ao longo do caminho, acolhida festiva e refrigério em paradas nas dioceses de Rondonópolis, Cuiabá e Cáceres no Mato Grosso, Jataí em Goiás, Uberlândia em Minas Gerais e, entrando em Rondônia, nas comunidades de Vilhena, Pimenta Bueno, Cacoal, Presidente Médici, Ji-Paraná, Ouro Preto e Jaru. Apresentamos carinhoso agradecimento pela fraterna e generosa acolhida de todas as delegações pelas famílias, comunidades e paróquias de Porto Velho, o infatigável trabalho e dedicação do Secretariado e das equipes de serviço, em que se destacaram tantos jovens.

4. Somos 3.010 delegados, aos quais se somam convidados, equipes de serviço, imprensa e famílias que acolhem os participantes, ultrapassando cinco mil pessoas envolvidas neste Intereclesial. Dos delegados de quase todas as 272 dioceses do Brasil, 2.174 são leigos, sendo 1.234 mulheres e 940 homens; 197 religiosas, 41 religiosos irmãos, 331 presbíteros e 56 bispos, dentre os quais um da Igreja Episcopal Anglicana do Brasil, além de pastores, pastoras e fiéis dessa Igreja, da Igreja Metodista, da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil e da Igreja Unida de Cristo do Japão. O caráter pluriétnico, pluricultural e plurilinguístico de nossa Assembléia encontra-se espelhado no rosto das 38 nações indígenas aqui presentes e no de irmãos e irmãs de nove países da América Latina e do Caribe, de cinco da Europa, de um da África, de outro da Ásia e da América do Norte. Queremos ressaltar a presença marcante da juventude de todo o Brasil por meio de suas várias organizações.

5. “Sejam benvindos/as nesta terra de muitos rios, igarapés e de muitas matas, onde está a Arquidiocese de Porto Velho, que se faz hoje a Casa das Comunidades Eclesiais de Base”. Assim, fomos recebidos, na celebração de abertura pela equipe da celebração e por Dom Moacyr Grechi, com muita música e canto, ao cair da noite, ao lado dos trilhos da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré que lembra para os trabalhadores, que a construíram e para os indígenas e migrantes nordestinos, o sofrido ciclo da borracha na Amazônia. Foram evocadas ali e, seguidamente nos dias seguintes, as palavras sábias do provérbio africano:

“Gente simples, fazendo coisas pequenas, em lugares pouco importantes,
consegue mudanças extradordinárias”.

6. Pelas mãos de representantes dos povos indígenas, dos quilombolas, seringueiros, ribeirinhos, posseiros e de migrantes do campo e da cidade foram plantadas ao lado do altar, três grandes tochas. Nelas, foram acesas milhares de velas dos participantes, cujas luzes se espalharam pelos degraus da esplanada, enquanto ouvíamos o canto do Cristo dos Seringais:

“Na densa floresta vai um caminheiro

Cristo seringueiro a seringa a cortar... “,

Os versos eram entrecortados pelo refrão:

“E vem a esperança que surja a bonança,

Não seja explorado o suor na balança”.

“E vem a esperança que surja a mudança

E o homem refaça com Deus a aliança”.

7. Com o apito da sirene da Madeira-Mamoré, o trem das CEBs retomou sua caminhada, reunindo-se no dia seguinte, na grande plenária do PORTO, aclamado pela Assembléia, “PORTO DOM HELDER CAMARA”, pelo centenário do seu nascimento (1909-2009) e em resgate de sua profética atuação. Iniciamos esse primeiro dia, dedicado ao VER, partindo do grito profético da terra e dos povos da Amazônia, símbolos da humanidade, na sua rica diversidade, deixando-nos guiar na celebração pelo som dos maracás, tambores e flautas e pela dança de louvor a Deus de nossos irmãos e irmãs indígenas. Dali, partimos para os locais dos mini-plenários de 250 participantes, nas paróquias e escolas. Eles levavam os nomes de doze RIOS da bacia amazônica: Madeira, Juruá, Purus, Oiapoque, Guamá, Tocantins, Tapajós, Itacaiunas, Guaporé, Gurupi, Araguaia e Jari.

8. Divididos nos Rios em 12 CANOAS, com duas dezenas de participantes cada uma, partilhamos as experiências, gritos e lutas das comunidades em relação à nossa Casa comum, a partir do bioma amazônico e dos outros biomas do Brasil (cerrado, caatinga, pantanal, pampas,mata atlântica e manguezais da zona costeira), da América Latina e do Caribe. Vimos nossa Casa ameaçada pelo desmatamento, com o avanço da pecuária, das plantações de soja, cana, eucalipto e outras monoculturas, sobre áreas de florestas; pela ação predatória de madeireiras, pelas queimadas, poluição e envenenamento das águas, peixes e humanos pelo mercúrio dos garimpos, pelos rejeitos das mineradoras e pelo lixo nas cidades. Encontra-se ameaçada também pelo crescente tráfico de drogas, de mulheres e crianças e pelo extermínio de jovens provocado pela violência urbana.

9. Somamos nosso grito ao das populações locais, para que a Amazônia não seja tratada como colônia, de onde se retiram suas riquezas e amazonidades, em favor de interesses alheios, mas que seja vista em pé de igualdade, no concerto das grandes regiões irmãs, com sua contribuição específica em favor da vida dos povos, em especial de seus 23 milhões de habitantes, para que tenham o suficiente para viver com dignidade.

10. Fazemos um apelo para que os governantes sejam sensíveis ao grito que brota do ventre da Terra e, pautados por uma ética do cuidado, adotem uma política de contenção de projetos que agridem a Amazônia e seus povos da floresta, quilombolas, ribeirinhos, migrantes do campo e da cidade, numa perspectiva que efetivamente inclua os amazônidas, como colaboradores verdadeiros na definição dos rumos da Amazônia.

11. Tomamos consciência também de nossas responsabilidades em relação ao reto uso da água, da terra, do solo urbano e à superação do consumismo, respondendo ao apelo, para que todos vivamos do necessário, para que ninguém passe necessidade.

12. Constatamos, com alegria, a multiplicação de iniciativas em favor do meio ambiente, como a de humildes catadores de material reciclável, no meio urbano, tornando-se profetas da ecologia e as de economia solidária, agricultura orgânica e ecológica. Saudamos os muitos sinais de uma “Terra sem males”, fazendo-nos crescer na esperança de que “outro mundo é possível, necessário e urgente”.

13. De tarde, realizamos a Caminhada dos Mártires, em direção ao local onde o rio Madeira foi desviado e em cujo leito seco, ao som dos estampidos das rochas dinamitadas, está sendo concretada a barragem da hidroelétrica. Celebrou-se ali Ato Penitencial por todas as agressões contra a natureza e a vida humana. Defronte às pedreiras que acolhiam as águas das cachoeiras de Santo Antônio, agora totalmente secas, ao lado da primeira capela construída na região, foram proclamadas as Bem-aventuranças evangélicas (Mt 5, 1-12), sinal da teimosa esperança dos pequenos, os preferidos de Deus.

14. No segundo dia, prosseguimos com o VER, com uma pincelada sobre a conjuntura atual na esfera sócio-política e econômica, apresentada por Pedro Ribeiro de Oliveira, na perspectiva das mulheres, por Julieta Amaral da Costa e do ponto de vista ecológico, por Leonardo Boff. Atendendo ao convite de Jesus: “Vinde e vede” (Jo, 1, 39), após a pergunta dos discípulos, “Mestre, onde moras?” (Jo 1, 38), partimos em grupos, em visita às muitas realidades locais: populações indígenas, comunidades afro-descendentes, ribeirinhas, extrativistas, grupos vivendo em assentamentos rurais ou em áreas de ocupação urbana; bairros da periferia; hospitais, prisões, casas de recuperação de pessoas com dependência química e ainda a trabalhos com menores ou pessoas com deficiência. O retorno foi rico na partilha de experiências, nas quais descobrimos sinais de vida nova. Reiteramos que os projetos dos grandes, principalmente as barragens das usinas hidroelétricas,as usinas nucleares geradoras de lixo atômico que põe em risco a população local, são projetos do capital transnacional que não favorecem os pequenos. Apoiados na sabedoria milenar dos povos indígenas, nos animamos a repetir com eles: “Nunca deixaremos de ser o que somos”. Nós, como CEBs no meio dos simples e pequenos, reafirmamos nossa teimosa opção pelos pobres e pelos jovens, proclamada há trinta anos em Puebla, resistindo e lutando para superar nossas dificuldades, sustentados pela fé no Deus que se revelou a nós como Trindade, a melhor comunidade.

15. No terceiro dia, as celebrações da manhã aconteceram nos rios, resgatando memórias da espiritualidade dos povos da região e das experiências colhidas no caminho missionário percorrido no dia anterior, nas visitas às muitas realidades eclesiais e sociais de Rondônia. A oração foi alentada pela promessa do Êxodo: “Decidi vos libertar... vos farei subir dessa terra para uma terra fértil e espaçosa, terra, onde corre leite e mel” (Ex. 3, 8). Em cada canoa, os relatos iam revelando uma igreja preocupada com a justiça social e a defesa da vida nos testemunhos de gente simples em todos aqueles lugares visitados. Esses relatos aqueceram nosso coração e nos desafiaram a perseverar na caminhada das CEBs.

16. À tarde, fomos tocados por vários testemunhos. Em primeiro lugar, pela sentida oração dos Xerente do Tocantins que celebraram seu ritual pelos mortos, homenageando o amigo e missionário, Pe. Gunter Kroemer. Dom José Maria Pires, arcebispo emérito da Paraíba, retomou em sua história a trajetória dos negros no Brasil, suas dores, resistências e esperanças de um mundo melhor, nos seus Quilombos da liberdade. Marina Silva, senadora pelo Acre e ex-ministra do Meio Ambiente, contou sua eu caminhada de menina analfabeta do seringal para a cidade de Rio Branco e de lá para São Paulo, mas principalmente sua incessante busca, a partir da fé herdada de sua avó, alimentada pela experiência das CEBs, da leitura da Palavra de Deus e pelo exemplo de Chico Mendes, de bem viver e de colocar-se publicamente a serviço, em favor do povo amazônida. Por fim, depois da apresentação de Dom Tomás Balduíno, em que ele ressaltou o papel de Dom Pedro Casaldáliga da Prelazia de São Félix do Araguaia na fundação, junto com outros, do CIMI, da CPT e de Pastorais Sociais, acompanhamos pelo vídeo seu testemunho e nos emocionamos com suas palavras de esperança e confiança em Jesus e na utopia do seu Reinado.

17. Neste dia, ocorreu também o encontro da Pastoral da Juventude de todo o Brasil e outro também muito significativo entre bispos, assessores e Ampliada Nacional das CEBs. Momento fecundo do estreitamento de laços e abertura a novos passos em nossa caminhada, em que foi expressa a alegria e alento trazidos pela presença significativa de tantos bispos. Desse encontro, os bispos presentes resolveram enviar sua palavra às comunidades:

Palavras dos Bispos às CEBs

18. “Os 56 bispos participantes do Intereclesial, reunidos na sexta-feira à noite com os assessores e os membros da Ampliada Nacional das CEBs, avaliaram muito positivamente o Intereclesial, destacando especialmente a seriedade e o empenho dos participantes no debate da temática do encontro, a espiritualidade expressa nas bonitas celebrações diárias nos “rios”, o clima sereno e fraterno e o grande envolvimento das comunidades das dioceses do regional Noroeste da CNBB na organização e realização do encontro.

A presença de 331 padres que participam do Intereclesial, levo os bispos a exprimirem o desejo de que, neste ano sacerdotal, todos os padres do Brasil renovem o compromisso de acompanhar as CEBs, empenhadas em testemunhar os valores do Reino, como discípulas e missionárias.

Constatando que, a partir da Conferência de Aparecida, as CEBs ganharam reconhecimento e novo alento em todo o continente, os bispos tiveram também palavras de apoio e incentivo para a continuação da caminhada das comunidades no Brasil, reforçadas pelo presidente da CNBB, Dom Geraldo Lyrio Rocha.

Diante da agressão continuada da Amazônia, juntamente com todos os participantes do encontro, manifestam sua preocupação com a construção da barragem de Santo Antônio e Jirau no Rio Madeira, os projetos de outras barragens no Xingu, Tapajós, Araguaia e noutros rios e a continuada devastação da floresta pelo avanço da pecuária, das plantações de soja e cana, e da extração ilegal de madeira”.


Nas diferenças, o mesmo Deus que nos convoca para a Justiça e a Paz

19. Na manhã do último dia, fomos guiados pelo texto do Apocalipse: “O anjo mostrou para mim, um rio de água viva... O rio brotava do trono de Deus e do cordeiro...; de cada lado do rio estão plantadas árvores da vida... suas folhas servem para curar as nações” (Ap 22, 1-2). Bebemos no manancial da fé que nos une a todos e todas, na única família humana, como filhos e filhas da mesma Mãe-Terra, a Pacha-Mama dos povos andinos, a Terra sem Males dos Povos Guarani, na busca, sonho e construção do Reino de Deus anunciado por Jesus.

20. Juntos, representantes das Religiões Indígenas e dos Cultos Afro-brasileiros, de Judeus, Cristãos Ortodoxos, Católicos e Evangélicos, Muçulmanos, de mulheres e homens de boa vontade e de todas as crenças, no diálogo e respeito à diversidade da teia da vida, acolhemos os gritos da Amazônia e de todos os biomas e reafirmamos nossa solidariedade e compromisso com a justiça geradora da paz.

21. Caminhamos como povo de Deus que conquista a Terra Prometida e a torna espaço de fartura e fraternura, acolhendo todas as expressões da vida.

22. Comprometemo-nos a fortalecer as lutas dos movimentos sociais populares: as dos povos indígenas, pela demarcação e homologação de suas terras e respeito por suas culturas; as dos afro-descendentes, pelo reconhecimento e demarcação das terras quilombolas; as das mulheres, por sua dignidade e igualdade e avanço em suas articulações locais, nacionais e internacionais; as dos ribeirinhos pela legalização de suas posses; as dos atingidos pelas barragens, pelo direito à terra equivalente, restituição de seus meios de sobrevivência perdidos e indenização por suas benfeitorias; as dos sem terra, apoiando-os em suas ocupações e em sua e nossa luta pela reforma agrária, contra o latifúndio e os grileiros; as dos Movimentos Ecológicos, contra a devastação da natureza, pela defesa das águas e dos animais.

23. Queremos defender e apoiar o movimento FLORESTANIA, no respeito à agrobiodiversidade e aos valores culturais, sociais e ambientais da Amazônia.

24. Assumimos também o compromisso de respaldar modelos econômicos alternativos na agricultura, na produção de energias limpas e ambientalmente amigáveis; de participar na luta sindical, reforçando a ação dos sindicatos do campo e da cidade, com suas associações e cooperativas e sua luta contra o desemprego, com especial atenção à juventude.

25. Convocamos a todos nós para o trabalho político de base, para a militância em movimentos sociais e partidos ligados às lutas populares; para participar nas lutas por políticas públicas ligadas à educação, saúde, moradia, transporte, saneamento básico, emprego, reforma agrária e para tomar parte nos conselhos de cidadania, nas pastorais sociais, no movimento pela não redução da maioridade penal, no Grito dos Excluídos, nas iniciativas do 1º. de Maio e das Semanas Sociais.

25. Comprometemo-nos ainda a fortalecer e multiplicar nossas Comunidades Eclesiais de Base, criando comunidades eclesiais e ecológicas de base nos bairros das cidades e na zona rural, promovendo a educação ambiental em todos os espaços de sua atuação; fortalecendo a formação bíblica; incentivando uma Igreja toda ela ministerial, com ministérios diversificados confiados a leigas e leigos; assumindo seu protagonismo, como sujeitos privilegiados da missão; fortalecendo o diálogo ecumênico e inter-religioso e superando a intolerância religiosa e os preconceitos.

26. Queremos, a partir das CEBs, repensar a pastoral urbana, como um dos grandes desafios eclesiais, assumir o testemunho e a memória dos nossos mártires e empenhar-nos na Missão Continental proposta pela V Conferência do Episcopado Latino-americano e Caribenho, em Aparecida.

Rumo ao XIII Intereclesial no Ceará

27. Acompanhados pelas comunidades e famílias que nos receberam e caravanas de todo o Regional, celebramos a Eucaristia, presença sempre viva do Crucificado/Ressuscitado, comprometendo-nos com todos os crucificados de nossa sociedade, com suas lutas por libertação, para construirmos outro mundo possível, como testemunhas da Páscoa do Senhor, acompanhados pela proteção e benção da Mãe de Deus, celebrada no Círio de Nazaré e invocada na região amazônica, com outros tantos nomes; no Brasil, com o título de Aparecida, e na nossa América, com o de Virgem de Guadalupe.

28. Escolhida a Igreja do Crato, que irá acolher, nas terras do Pe. Cícero, o XIII Intereclesial, recolocamos nos trilhos o trem das CEBs, rumo ao Ceará, enviando a vocês, irmãos e irmãs das comunidades, nosso abraço fraterno, e cheio de revigorada esperança.

AMÉM! AXÉ! AUERE! ALELUIA!

Fonte: www.cebs12.org.br

sexta-feira, 24 de julho de 2009

MENSAGEM DO SANTO PADRE PARA O DIA MUNDIAL DAS MISSÕES 2009


“O objetivo da missão da Igreja é iluminar com a luz do Evangelho todos os povos em seu caminhar na história rumo a Deus, pois Nele encontramos a plena realização. Devemos sentir o anseio e a paixão de iluminar todos os povos, com a luz de Cristo, que resplandece no rosto da Igreja, para que todos se reúnam na única família humana, sob a amável paternidade de Deus.” Dirigir-se aos “irmãos no ministério episcopal e sacerdotal” e aos “irmãos e irmãs de todo o povo de Deus”, em sua mensagem para o Dia Mundial das Missões 2009, que se celebrará no domingo, 18 de outubro, o Santo Padre Bento XVI exorta “a reavivar em si a consciência do mandato missionário de Cristo de fazer discípulos todos os povos, seguindo as pegadas de São Paulo, o Apóstolo dos Gentios”.

Na mensagem intitulada, "As nações caminharão à sua luz" (Ap 21, 24), o Santo Padre reitera ainda mais uma vez que “a Igreja não age para expandir o seu poder ou afirmar o seu domínio, mas para levar a todos Cristo, salvação do mundo” enquanto “o compromisso de anunciar o Evangelho aos homens de nosso tempo... é sem dúvida alguma um serviço prestado não somente à comunidade cristã, mas também a toda a humanidade”. De fato a dispersão, a multiplicidade, o conflito, a inimizade “terão paz e serão reconciliadas através do sangue da Cruz e reconduzidas à unidade.O novo início já começou com a ressurreição e a exaltação de Cristo que atrai a si todas as coisas, as renova, as tornam participantes da eterna glória de Deus”. Hoje em meio a contradições e sofrimentos do mundo contemporâneo, se acendem as luzes da esperança de uma vida nova, portanto o Pontífice sublinha que “a missão da Igreja é ‘contagiar’ de esperança todos os povos” e “Cristo chama, justifica, santifica e envia os seus discípulos para anunciar o Reino de Deus, a fim de que todas as nações se tornem Povo de Deus. É somente nesta missão que se compreende e se confirma o verdade... A missão universal deve se tornar uma constante fundamental na vida da Igreja . Anunciar o Evangelho deve ser para nós, como já dizia o apóstolo Paulo, um compromisso impreterível e primário”.

O Santo Padre recorda que a Igreja universal “se sente responsável pelo anúncio do Evangelho diante a povos inteiros” e “deve continuar o serviço de Cristo no mundo”, enquanto a sua missão não é “não se limitam às necessidades materiais ou mesmo espirituais que se exaurem no âmbito da existência temporal, mas na salvação transcendente que se realiza no Reino de Deus”. “A Igreja mira a transformar o mundo com a proclamação do Evangelho do amor”, ressalta ainda o papa, chamando a participar desta missão todos os membros e as instituições da Igreja.

Detendo-se em particular sobre a Missão ad gentes, Bento XVI ressalta a necessidade de “renovar o compromisso de anunciar o Evangelho, fermento de liberdade e progresso, fraternidade, união e paz”, empenho particularmente urgente considerando os “as vastas e profundas mudanças da sociedade atual”: “Animados e inspirados pelo Apóstolo dos Gentios, devemos estar conscientes de que Deus tem um povo numeroso em todas as cidades percorridas também pelos apóstolos de hoje... Toda a Igreja deve se empenhar na missio ad gentes, até que a soberania salvífica de Cristo não seja plenamente realizada”.

O dia dedicado às missões é também ocasião para recordar às Igrejas locais e aos missionários e às missionárias “que testemunham e propagam o Reino de Deus em situações de perseguição, com formas de opressão que vão desde a discriminação social até a prisão, a tortura e a morte. Não são poucos aqueles que atualmente morreram por causa de seu "Nome"... A participação na missão de Cristo, de fato, destaca também a vida dos anunciadores do Evangelho, aos quais é reservado o mesmo destino de seu Mestre”. Então o pontífice recorda que as Igrejas antigas como as de recente fundação, que são “chamadas a irradiar Cristo, Luz do mundo, até os extremos confins da terra”, portanto, “a missio ad gentes deve ser a prioridade de seus planos pastorais”. Agradecendo e encorajando as Pontifícias Obras Missionárias pelo “indispensável trabalho a serviço da animação, formação missionária e ajuda econômica às jovens Igrejas. Por meio destas instituições pontifícias se realiza de forma admirável a comunhão entre as Igrejas, com a troca de dons, na solicitude recíproca e na comum projetualidade missionária”.

Na conclusão o papa reafirma que “que a evangelização é obra do Espírito” por isso exorta todos os católicos para que peçam “ao Espírito Santo que aumente na Igreja a paixão pela missão de proclamar o Reino de Deus e ajudar os missionários, as missionárias e as comunidades cristãs empenhadas nesta missão, muitas vezes em ambientes hostis de perseguição. Convido, ao mesmo tempo, todos a darem um sinal crível da comunhão entre as Igrejas, com uma ajuda econômica, especialmente neste período de crise que a humanidade está vivendo, a fim de colocar as jovens Igrejas em condições de iluminar as pessoas com o Evangelho da caridade”.


Fonte: Agência Fides

segunda-feira, 6 de julho de 2009

INTENÇÃO MISSIONÁRIA

“Para que a Igreja seja germe e núcleo de uma humanidade reconciliada e reunida na única família de Deus graças ao testemunho de todos os fiéis em cada país do mundo” - Comentário da Intenção Missionária indicada pelo Santo Padre para o mês de julho de 2009




Uma das conseqüências do pecado do homem foi a divisão. Já no livro do Gênesis podemos observar como Babem represente a separação fruto do orgulho do homem (Gn 11, 1-9). Os homens, que desejavam construir com as suas mãos um percurso rumo ao céu, terminar por destruir a sua própria capacidade de compreender-se reciprocamente.

Portanto uma parte importante da missão redentora de Cristo é a de reunir, unificar. Em primeiro lugar Cristo reúne “os filhos dispersos”. Jesus é o “bom pastor” que reúne as ovelhas perdidas de Israel. Porém esta missão unificadora não se limita somente a Israel. Se dirige a todos os povos desta terra. São Paulo afirma que “não existe nem judeu nem grego, nem escravo ou livre, nem homem e mulher, porque todos são um em Cristo Jesus”. Esta unidade se manifesta e se realiza na Eucaristia, enquanto “todos formam um só Corpo porque comem um só pão”.

Porque o pecado produziu um dupla separação (separou o homem de Deus e de seus irmãos) assim com o renascimento em Cristo apresenta um duplo aspecto: antes nos reconcilia com Deus em seu Sangue e faz de nós um só corpo.

A história da Igreja foi testemunha de muitas divisões e cismas, desde as origens. Mas parecem particularmente dolorosas e separações dos irmãos ortodoxos e do protestantismo. Ao mesmo tempo, a sociedade civil foi marcada por lutas fratricidas e incompreensões entre os povos. Recentemente em vários países, se registraram guerra entre as etnias que provocaram muitas vítimas. Ainda hoje, como sempre, o coração humano continua precisando de um Redentor que tire dele o germe do ódio e da separação fruto do pecado. A Igreja de Cristo, ao mesmo tempo santa e necessitada de salvação, tem a tarefa de continuar esta missão redentora, de ser no mundo sinal de unidade e fonte de comunhão.

Afirma o Papa Bento XVI: “Permanecer junto foi a condição colocada por Jesus para acolher o dom do Espírito Santo; pressuposto de sua concórdia foi a prolongada oração. Encontramos em tal modo delineada um formidável lição para toda comunidade cristã. Pensa-se que a eficiência missionária dependa principalmente de uma atenta programação e da sucessiva inteligente, mas antes de qualquer nossa resposta é necessária a sua iniciativa: é o Espírito o verdadeiro protagonista da Igreja” (Homilia, 4 de junho de 2006).

No dia de Pentecostes, São Lucas escreve que os Apóstolos se encontravam reunidos com Maria. Em oração junto com Ela, com a força do Espírito, se manifesta a força unificadora da Igreja. Para que cresça a consciência que os homens de todas as nações são uma família, é necessário que tomem consciência de serem filhos de Deus. Além de toda distinção de cultura, condição social, raça ou nação, existe a verdade que torna todos os homens iguais: somos filhos de Deus, criados à sua imagem e semelhança, redimidos com o Sangue de Cristo.

Todos os fiéis cristãos, espalhados por toda a terra, vivendo a sua filiação divina se convertem em testemunhas de unidade e criadores de unidade. A Igreja, cujo modelo e exemplo é Maria, deve aprender Dela a ter um coração sempre aberto para todos. A sua maternidade deve se refletir na maternidade da Igreja.

Quando o Senhor ressuscitado se apresenta aos discípulos depois da ressurreição, soprou neles para dar-lhes o dom do Espírito e disse: “A quem perdoareis os pecados serão perdoados, a quem não os perdoar não serão perdoados”. A fim de que um homem possa ser instrumento de reconciliação, deve ser experimentado em seu coração a alegria de ter sido reconciliado com Deus em Cristo, de ter recebido dos pecados. Somente quem foi reconciliado pode ser fonte ser fonte de reconciliação, unificado, curado. Portanto, a missão da Igreja é a de oferecer a reconciliação de Deus aos homens, em Cristo, anunciando como São Paulo: “Em nome de Cristo lhe suplicamos: reconciliem-se com Deus”.

Fonte: Agência Fides