domingo, 15 de novembro de 2009

INTENÇÃO MISSIONÁRIA PARA O MÊS DE NOVEMBRO - 2009

“Que os fiéis das diversas religiões, com o testemunho de vida e mediante um diálogo fraterno, dêem uma clara demonstração que o nome de Deus é portador de paz”



Comentário sobre a Intenção missionária, indicada pelo Santo Padre para o mês de novembro de 2009


A paz é um dos valores que o nosso mundo mais necessita. Os conflitos bélicos sucederam-se no último século, como nunca tinha acontecido em nenhuma outra época da história. Morte, destruição, divisão e ódio são os frutos terríveis deste flagelo. A violência gera violência, e os homens destroem-se uns aos outros. O homem contemporâneo busca a paz e tem necessidade dela, para se reconstruir interiormente.

Os fiéis devem ser portadores de paz, porque Deus é o Deus da paz. Não poderá existir esta paz, se cada um se preocupar exclusivamente com seus próprios interesses e não trabalhar para o bem comum. Na sua visita à Terra Santa, em maio deste ano, o Papa Bento XVI recordou que a paz é antes de tudo um dom divino, que deve ser buscado com todo o coração. Desta afirmação entende-se que a paz deve ser implorada, pedida, pois é um dom divino, e ao mesmo tempo deve também ser buscada, pois ela exige o esforço dos homens. Jesus chama “bem-aventurados” e autênticos filhos de Deus os que trabalham pela paz.

O Concílio Vaticano II, falando das outras religiões, na declaração Nostra Aetate, afirma: “A Igreja Católica não rejeita o que tem de verdadeiro e santo nessas religiões. Ela considera com sincero respeito seu modo de agir e de viver, os preceitos e as doutrinas que, embora se diferenciem em muitos pontos daquilo em que ela mesma crê e propõe, não raramente refletem um raio daquela verdade que ilumina todos os homens. Todavia, ela anuncia e deve anunciar o Cristo, que é “o caminho, a verdade e a vida” (Jo 14,6), no qual os homens devem encontrar a plenitude da vida religiosa e no qual Deus reconciliou consigo mesmo todas as coisas” (NA 2).

No diálogo com as outras religiões, a Igreja não pretende tornar relativas as verdades definitivas da revelação divina que recebeu. Não pretende apresentar o Cristo como um caminho de salvação entre outros. De fato, não nos foi dado sob o céu nenhum outro nome pelo qual possamos ser salvos. Mantendo esta unicidade da mediação salvífica do Cristo, a Igreja, no entanto, “exorta seus filhos, para que, com prudência e caridade, por meio do diálogo e da colaboração com os seguidores de outras religiões, dando testemunho da fé e da vida cristã, reconheçam, conservem e façam progredir os valores espirituais, morais e socioculturais que se encontram nelas” (NA 2).

Para o Papa Bento XVI, “a contribuição particular das religiões na busca da paz fundamenta-se antes de tudo na busca entusiasta e concorde de Deus” (visita de cortesia ao presidente do Estado de Israel em 11 de maio), pois é a presença dinâmica de Deus que reúne os corações e assegura a unidade.

Voltando de sua peregrinação à Terra Santa, encontrando os jornalistas no avião, o Santo Padre afirmou: “Encontrei em todos os lugares, em todos os ambientes, muçulmanos, cristãos, judeus, uma decidida disponibilidade ao diálogo interreligioso, ao encontro, à colaboração entre as religiões. É importante que todos vejam isto não apenas como uma ação – digamos – inspirada por motivos políticos, mas como fruto do próprio núcleo da fé, porque crer em um único Deus que nos criou a todos, Pai de todos nós, crer neste Deus que criou a humanidade como uma família, crer que Deus é amor e quer que o amor seja a força dominante no mundo, implica este encontro, esta necessidade do encontro, do diálogo, da colaboração como exigência da própria fé” (vôo papal em 15 de maio).

Na ordem social, a paz implica a busca da justiça, da integridade e da segurança. Para promover estes valores existe um único caminho possível, que é vivê-los. O Papa afirmou que para construir a paz é necessário “olhar o outro nos olhos e reconhecer o ‘tu’ como meu semelhante, meu irmão, minha irmã” (visita de cortesia ao presidente do Estado de Israel em 11 de maio). Se os fiéis viverem em paz e procurarem a paz, a sociedade se transformará.

Um valor fundamental para construir a paz é o perdão. Somente quem tem a força e a humildade de perdoar pode ser arauto da paz. O rancor gera divisão interior e violência. O perdão gera a paz interior, reconstrói o homem e torna-o forte, à imagem do Deus Onipotente, que é misericórdia e perdão.

Na nossa oração deste mês, pedimos, portanto a Santa Maria, mãe de todos os homens, Rainha da Paz, que interceda pelos seus filhos, para que a busca sincera “de tudo o que é verdadeiro, nobre, justo, puro, amável” faça que “o Deus da paz” esteja sempre conosco (cf. Fl 4,8-9).

Fonte: Agência Fides